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Vigília em frente a Nortox denuncia troca de favores entre empresa e Lupion

Vigília em frente a Nortox denuncia troca de favores entre empresa e Lupion

Nesta segunda-feira (25), cerca de 100 trabalhadores da Via Campesina e do assentamento Dorcelina Falador, de Arapongas realizam uma vigília em frente a empresa brasileira de produtos agroquímicos Nortox, também em Arapongas, na região norte do Paraná.

A mobilização que acontece durante todo o dia, tem como objetivo denunciar a troca de favores entre a Nortox e o deputado federal e candidato à reeleição, Abelardo Lupion (PFL-PR) na campanha de 2002. Na época a Nortox contribuiu com R$ 50 mil para o caixa de campanha, com o objetivo de flexibilizar a utilização de agrotóxicos no Brasil, umas das principais bandeiras do deputado.

Chamar a atenção da sociedade para a necessidade de uma agricultura que produza alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e sem transgênicos. Além, de alertar para os malefícios que empresas como a Nortox causam, a saúde e ao meio ambiente.

Os agricultores pedem à Anvisa e ao Ministério Público do Estado do Paraná investigue se a empresa cumpre as normas ambientais e de saúde dos trabalhadores referentes à produção de agrotóxicos.

Além disso, solicitam que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue imediatamente o inquérito de nº 1872/4, referente o processo de Caixa 2 de Abelardo Lupion, da campanha eleitoral de 1998, por desvio de R$ 4,1 milhões.

Nortox, Monsanto e Lupion

A Nortox é produtora de herbicidas e inseticidas, e umas das principais responsável pela produção do glifosato pós-emergente usado na cultura da soja transgênica, envenando os alimentos consumidos pela população. E contaminando o solo e os lençóis freáticos da região, provocando a destruição da natureza e da biodiversidade.

A Nortox está localizada em Arapongas, próxima ao distrito de Aricanduva,onde vivem aproximadamente 2.000 mil pessoas, que estão exposta permanente a contaminação dos seus produtos químicos.

A Nortox e a Monsanto, financiaram a campanha de Lupion em 2002 para a Câmara dos Deputados. Enquanto a Nortox contribuiu com R$ 50 mil para o caixa de campanha, a Monsanto doou a Abelardo Lupion a fazenda Santa Rita, em troca de lobby no Congresso Nacional para a aprovação de emenda que autorizou o uso do glifosato como herbicida na cultura da soja geneticamente modificada para a safra 2004/2005. Cinco meses antes da aprovação da emenda, o deputado negociou a compra da fazenda de 145 alqueires por R$ 690 mil, um preço três vezes inferior ao seu verdadeiro valor de mercado.

Em 2003, a Monsanto e a Nortox foram acusadas de dividirem apenas entre elas o mercado do glifosato. Um parecer de 26 de agosto de 2004, elaborado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, detalha a atuação das empresas. Segundo o documento, Monsanto e Nortox estão “virtualmente integradas” e são as únicas a produzirem no Brasil ácido de glifosato. As demais empresas que vendem o herbicida no país precisam adquirir a substância no exterior ou comprar o produto da Monsanto, segundo o Ministério da Fazenda.

Lupion ainda é acusado de caixa 2, na campanha de 1998 para a Câmara dos Deputados, o processo está no STF (Supremo Tribunal Federal), processo de nº 1872/4. Na época Lupion usou uma conta corrente da mãe de seu coordenador de campanha para fazer uma "movimentação ilícita" de R$ 4,1
milhões, segundo reportagem do Correio Braziliense. O dinheiro não foi declarado à Justiça Eleitoral nem à Receita Federal.

Abelardo Lupion também é suspeito de envolvimento em transação econômica fraudulenta e prejudicial ao patrimônio público da União, em intermediação junto à Cooperativa Agropecuária Pratudinho, situada na Bahia, para adquirir 88 máquinas (da empresa IOCHPE-MAXION) pelo valor de R$ 3.146.000. De acordo com a denúncia anônima, recebida pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e CPT (Comissão Pastoral da Terra), 88% desse valor financiado por um programa público, chamado de Finame, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que resultou na entrega ao parlamentar da comissão de  24 máquinas, em função de sua ajuda na negociação para cooperativa baiana.

No dia (18/09), 300 trabalhadores rurais da Via Campesina montaram acampamento em frente à entrada da fazenda Santa Rita, de propriedade de Abelardo Lupion, em Santo Antonio da Platina. E na semana passada (21/09), a Via Campesina e a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) lançaram a Campanha de Combate aos Crimes do Agronegócio e da Bancada Ruralista, o objetivo é denunciar as várias suspeitas de crime que pesam contra Lupion e solicitar que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue o processo do Caixa 2 da campanha de 1998.

VIA CAMPESINA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST