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União da Vitória para 30 anos

Daniel Francisco, Revista Ideias

O arquiteto e urbanista Jaime Lerner está com uma nova empreitada no Paraná: projetar uma nova União da Vitória para 30 anos com espaços urbanos equilibrados que valorizem o cotidiano dos moradores e levando em conta o Rio Iguaçu que corta a cidade e que, em vez de problema devido às enchentes, possa ser integrado com parques e lagos de contenção.

“Estou feliz em poder retribuir um pouco do que União da Vitória fez por mim enquanto fui político e ver a vontade do prefeito Santin Roveda em fazer acontecer. Isso é a principal motivação para toda a nossa equipe”, disse Lerner quando iniciou os primeiros estudos do plano urbano da cidade.

O prefeito Santin Roveda explica que União da Vitória está passando por um pleno desenvolvimento econômico com obras de infraestrutura e citou como exemplo a nova ponte do Rio Iguaçu, no valor de R$ 25 milhões. Segundo ele, chegou o momento de reordenar certas situações urbanas. “Por isso, é muito importante trabalhar com um grande urbanista, como Jaime Lerner e sua equipe, que projetará a nova visão estratégica da cidade e a estrutura de desenvolvimento, a partir da sua base econômica e social”, afirmou o prefeito.

“Nossa palavra de ordem é a criatividade. Coisas simples e práticas de serem aplicadas. Não são megaobras que não trazem impacto no dia a dia do cidadão. O Lerner trabalha de forma que as pessoas possam viabilizar a qualidade de vida hoje, agora e é isso que queremos”, disse Santin Roveda.

Em síntese, o plano vai desenvolver um projeto de readequação urbana de União da Vitória com estudos que englobam a utilização do solo, como atenuar ou diminuir as enchentes, revitalizar determinadas áreas da cidade, melhorar o sistema viário e de trânsito, a mobilidade e a acessibilidade. “É um trabalho especializado para beneficiar e melhorar a vida da população”, pontuou Lerner.

Propostas
A equipe de Lerner já apresentou duas etapas do plano e as propostas versam sobre os eixos de mobilidade urbana, novo sistema viário e de trânsito, transporte público, gestão e projetos estratégicos.

A primeira etapa consistiu na análise da situação da cidade, coleta de dados e o mapeamento das possíveis intervenções. “Estamos planejando a cidade para os próximos 30 anos, de forma ordenada, sustentável, destacando sua vocação de crescimento, para atrair novos empreendimentos, novas empresas, garantindo mais empregos, renda e melhor qualidade de vida aos moradores da nossa cidade”, disse o prefeito Santin Roveda.

Na segunda etapa, já apresentada, são as propostas preliminares que podem nortear o desenvolvimento de União da Vitória. “As contribuições apontam para o aperfeiçoamento das potencialidades, especialmente os relativos a uma visão estratégica, à estruturação urbana, à mobilidade e a projetos estratégicos, que refletem a configuração pretendida para a cidade”, disse o arquiteto Fernando Canalli, da equipe de Lerner.

Rua da União
Entre as intervenções urbanas, está a proposta de implantação da Rua da União sobre os trilhos na divisa de União da Vitória e Porto União, bem como a instalação de novos abrigos de ônibus. Os dois projetos, segundo os arquitetos de Lerner, trazem nova identidade e marca para União da Vitória e consolidam a cidade como polo regional no Sul do estado.

Segundo a arquiteta Gianna de Rossi, os projetos estratégicos tratam das chamadas “acupunturas urbanas”, como define Jaime Lerner, e são intervenções pontuais na cidade. “São equipamentos especiais do mobiliário urbano. A Rua da União, uma estrutura modular coberta, será um novo local para encontro e lazer, compartilhado por pedestres e ciclistas no espaço que estabelece a divisa entre o Paraná e Santa Catarina, definido pelo traçado dos trilhos da ferrovia”, disse.

As diretrizes apontam ainda para a reestruturação do sistema viário, nova sinalização vertical e horizontal, já prevendo a acessibilidade, calçadas, circulação de veículos, ampliação das ciclovias, criando uma rede cicloviária que ligue o centro com os principais bairros e regiões da cidade.

“Muitos moradores usam a bicicleta como meio de transporte, mas a ciclovia existente é muito pequena e está desconectada das funções urbanas, dos desejos de deslocamento da população. Criamos uma rede para que as pessoas possam acessar a cidade toda com segurança”, disse Gianna de Rossi à revista Haus.

Crescimento
No conjunto de propostas preliminares, a equipe de Jaime Lerner prevê a ampliação de perímetro urbano, o novo zoneamento da cidade com a criação de novas áreas para indústrias, a implantação de reservatórios de compensação de águas e parques ambientais, entre eles o Parque do Rio Vermelho.

A expansão urbana, segundo os arquitetos, se dará em regiões com áreas disponíveis para o crescimento da cidade. “São Cristóvão consolida-se como o vetor de crescimento, pois reúne grande quantidade de áreas disponíveis para a ocupação livres do atingimento das águas das cheias com a facilidade de conexão através da construção da Ponte Governador José Richa”, diz a proposta apresentada por Jaime Lerner.

“Desta maneira, ofertam-se algumas novas áreas de ocupação que, se bem conduzidas, servirão para promover a diversidade de tipologias e usos na cidade e para diminuir a pressão por ocupação urbana nas áreas de risco de enchentes”, adiantam as diretrizes sobre as áreas passíveis de crescimento urbano.

As propostas preliminares de reestruturação urbana de União da Vitória foram condensadas em relatório de 150 páginas apresentado pelos arquitetos Fernando Canalli, Gianna de Rossi e Lucas Roni de Lacerda. O relatório foi detalhado ainda pelos consultores Fric Kerin, economista e especialista em transporte; e pelos arquitetos Eloy Kockanny e Anive Soares, especialistas em sistema viário e trânsito.

Investimentos
No outro flanco, União da Vitória passou a integrar o programa de atração de investimentos do Estado, que tem como foco principal o desenvolvimento econômico voltado à criação de novos empregos nas mais diversas áreas da produção e de serviços. “Vamos fazer um planejamento de investimentos para União da Vitória até 2030, atraindo novas empresas e criando mais empregos para os moradores da cidade”, disse Santin Roveda.

“O programa é uma parceria da prefeitura junto aos empresários. Um estudo que faz parte do União da Vitória 2030, que é a cidade que a gente está planejando todos os dias com ações de curto, médio e longo prazos”, disse o prefeito. A intenção do estudo é criar o melhor ambiente de negócio para tornar a cidade mais atrativa para investidores de vários segmentos, gerar empregos e renda.

Criado em 2014 e coordenado pela Agência de Paraná Desenvolvimento, órgão do Governo do Estado, o Programa Municipal de Investimentos é realizado em duas etapas e vai orientar a prefeitura na construção de estratégias para atração de novos investimentos. Além de garantir segurança ao investidor, o programa vai auxiliar na melhoria do ambiente de negócios, tornando-os mais atrativos e eficientes.

“Há cadeias produtivas que podem ser ampliadas como a da madeira, mineração, produção de fios e cabos. Vamos definir ainda novas matrizes econômicas como inovação, novas tecnologias e outros tipos de serviços que podem ser prestados dentro das potencialidades e características próprias da cidade”, disse Santin Roveda.

Etapas
Segundo Santin Roveda, a primeira etapa do programa trouxe um diagnóstico socioeconômico do município, mapeamento de demandas e gargalos por meio de oficinas e a elaboração de um plano de promoção do desenvolvimento econômico sustentado para União da Vitória.

A segunda fase do programa contempla o plano de atração de novos investimentos, a seleção dos setores prioritários e a estruturação de propostas, o mapeamento das cadeias produtivas, a definição das vocações econômicas da cidade e da estratégia para atração de novos investimentos empresariais.

O estudo mapeia de maneira objetiva e simplificada dados, índices, indicadores e a história do município. Estas informações servirão para que novas empresas tenham interesse e saibam melhor quais são os pontos fortes e as oportunidades que a cidade oferece.

A intenção da administração municipal é focar em alguns produtos e atividades-chaves da cidade como a erva-mate, a mineração, a madeira, o plástico e situações de sustentabilidade e inovação. Tudo isso em busca de uma nova realidade regional. “Enfrentamos um momento de desafios no Brasil, com situações que merecem atenção e devem ser administradas. Para nós, este estudo auxiliará nossas ações e planejamentos futuros”, afirmou Roveda.

Instrumento
O estudo é um importante instrumento de apoio para empresas locais e de novos investimentos. O gerente técnico do Paraná Desenvolvimento, Jean Carlos Alberini, explicou que, além de entregar o programa, a equipe iniciou, paralelamente, uma segunda fase, que é a de encaminhar ações identificadas pelo estudo. “A partir de agora, começamos a trabalhar com o desenho e o escopo dos projetos. Colocaremos toda nossa energia e esforços para que possamos cumprir essas metas”, disse.

A agência atuará como ponte entre governo e iniciativa privada, auxiliando no levantamento de dados, fornecimento de informações e tomada de decisões estratégicas. Deste modo, garante segurança ao investidor e melhor ambiente de negócios.

Santin ressaltou que a intenção também é tornar União da Vitória bem mais organizada e atraente para os atuais e novos empreendimentos. “Com todos os dados, índices e histórico de nosso município em mãos, fica mais fácil para as empresas saberem quais são os pontos fortes e as melhores oportunidades que nosso município oferece”, enfatizou.

Atuação
A agência atua na identificação e na proposição a problemas de infraestrutura que estejam, de alguma forma, dificultando o desenvolvimento das atividades econômicas das cadeias produtivas. Com isso, articula entre o estado e as organizações privadas, sejam elas nacionais ou estrangeiras, as oportunidades de negócios e a geração de emprego e renda.

Também acompanha o desenvolvimento da atividade empresarial após a instalação da empresa com a prospecção, no Brasil e no exterior, de oportunidades de investimentos.

Objetivos da ONU
União da Vitória é uma das cidades brasileiras que participa do Pacto Global das Nações Unidas – City Partnerships Challenge. “Estamos com projetos, como o do plano de reurbanização, que contribuem com a proposta da ONU nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e que são capazes de atrair novos investimentos e consolidar União da Vitória com um polo regional de economia forte e com qualidade de vida”, disse o prefeito.

Santin Roveda adianta que União da Vitória já se comprometeu com os objetivos da ONU em duas frentes. Ao traçar seu novo plano urbano, elaborado pelo arquiteto Jaime Lerner, que prevê novo zoneamento com áreas de preservação e para instalação de empresas, implantação de novos parques, malha cicloviária, pontos de encontros e lazer, equipamentos e mobiliário urbanos (como novos pontos de ônibus e sinalização) e novo ordenamento do trânsito.

“É uma série de projetos e ações que privilegiam o bem-estar do morador de União da Vitória e ao mesmo tempo projetam a cidade para os próximos 30 anos com espaços e áreas para novos investimentos, o que vai garantir mais empregos, crescimento econômico e social”, completa Santin.

Outro ponto destacado por Santin Roveda aponta União da Vitória entre as 50 melhores cidades para envelhecer no Brasil. Estudo do Instituto de Longevidade Mongeral, em parceria com a FGV, aponta que a cidade apresenta as sete principais variáveis positivas de qualidade de vida para quem tem mais de 60 anos: cuidados de saúde, bem-estar, finanças, habitação, educação e trabalho, cultura e engajamento e indicadores gerais.

“União da Vitória é boa para envelhecer e também reúne características específicas para oferecer qualidade de vida à população. Temos uma natureza exuberante, segurança, bons serviços públicos e a economia em pleno desenvolvimento”, disse o prefeito Santin Roveda.

link matéria
http://www.revistaideias.com.br/2019/01/02/uniao-da-vitoria-para-30-anos/