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Tudo por um voto

Tudo por um voto

Editorial, Folha de Londrina

As novas propagandas da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição não estão agradando os empresários brasileiros por mostrá-los em situações conflitantes com a classe trabalhadora e com a população mais pobre. Executivos ouvidos pelo jornal “Folha de S. Paulo” reclamaram que estão sendo vítimas de um processo de “satanização” nas propagandas do PT que tentam desconstruir a imagem de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência.

Um dos comerciais, que ataca a proposta de Marina de dar independência ao Banco Central, mostra banqueiros festejando enquanto um locutor diz que a medida vai representar um risco para o emprego e os salários dos trabalhadores. Em outro vídeo, que trata da exploração do pré-sal, homens de negócios também são retratados como “inimigos” dos investimentos em saúde e educação.

Os empresários se queixaram ao jornal dizendo que estão sendo vítimas de um processo de “satanização” nas propagandas do PT. Infelizmente, nessa fase da campanha presidencial, a imagem honesta dos empresários é o que menos preocupa a equipe de marketing de Dilma. Afinal, está em jogo a cadeira de presidente da república.

Mas, assim como é injusto dizer que todo político é ladrão, também é injusto afirmar que todo empresário brasileiro segue a cartilha do capitalismo selvagem. Quem acompanha o noticiário econômico dos jornais sabe os esforços para se manter aberta uma empresa no Brasil. Empreender por aqui exige uma grande ginástica por conta das condições precárias de infraestrutura e de logística, do alto custo operacional, da pesada carga tributária, da inflação, das taxas de juros, do endividamento da população e da dificuldade para encontrar mão de obra especializada.

Quando se fala em classe empresarial, não dá para separar os micros e pequenos empresários (sete milhões no Brasil e 500 mil no Paraná). Infelizmente, os marqueteiros do PT pegaram pesado. É uma pena que a corrida eleitoral justifique sujar a imagem de uma classe que gera emprego e renda. Como fica o discurso do governo federal de aproximação com os empresários, se o respeito com o parceiro é deixado de lado durante a “guerra” pelo voto?