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Técnicos da Ande e representantes da Itaipu se reúnem em prol de um novo acordo para contratação de energia elétrica

Técnicos da Administração Nacional de Eletricidade (Ande) e representantes paraguaios da Itaipu Binacional se reuniram na terça-feira (6), no Paraguai, para discutir pontos que, posteriormente, negociarão com os representantes brasileiros para estabelecer um novo acordo para contratação de energia elétrica. “A primeira reunião técnica aconteceu nesta terça. Está prevista a constituição de uma mesa de trabalho permanente para avaliar as várias propostas com vistas às próximas tratativas entre representantes paraguaios e da Eletrobras, do Brasil”, informa nota divulgada ontem (7), pela presidência paraguaia.

Na nota, o novo diretor-técnico interino da parte do Paraguai na administração da Itaipu Binacional, Luis Gilberto Valdez, diz que, embora não haja prazos para a assinatura de um novo acordo, o assunto está sendo tratado com o máximo de atenção. “Daqui em diante, o processo deverá continuar no âmbito da Comissão de Estudos de Critérios de Contabilização dos Suprimentos Elétricos (CECOI) e do Comitê de Administração e Operação dos Contratos de Compra e Venda dos Serviços de Eletricidade (Cadop), que deverão convocar novas reuniões nos próximos dias”, diz Valdez, que substituiu José Sánchez Tillería, que renunciou ao cargo na última sexta-feira (2).

A divulgação das condições do primeiro acordo, assinado no dia 24 de maio, gerou uma crise política no país vizinho. De acordo com autoridades e congressistas paraguaias, a primeira negociação prejudicava o Paraguai, podendo causar um prejuízo de até US$ 300 milhões.

Ontem deputados dos partidos de oposição Liberal Radical Autêntico (PLRA) e Encuentro Nacional (PEN) e do movimento Hagamos protocolaram um pedido de impeachment do presidente Mario Abdo Benítez; do vice-presidente Hugo Velázques e do ministro da Fazenda, Benigno López. Antes mesmo desse fato, manifestações populares de apoio à destituição de Abdo já vinham acontecendo na capital, Assunção, e em outras cidades paraguaias.

Os protestos ganharam força após o jornal ABC Color divulgar mensagens atribuídas ao presidente paraguaio. De acordo com o jornal, o material obtido indica que o presidente paraguaio tinha conhecimento do teor do acordo que estava sendo negociado.

Ontem, Abdo Benítez afirmou a jornalistas paraguaios que agiu de boa-fé e que as decisões pautaram-se por recomendações técnicas. O mandatário paraguaio assegurou que determinou o cancelamento do acordo tão logo ficou claro o potencial prejuízo que seu país poderia sofrer devido à “ambiguidades” da negociação.

“Quando vi que a redação das atas era ambígua, me envolvi no debate técnico – o que não é minha função. Então eu disse que, de fato, havia um problema e argumentos [contrários à assinatura do acordo]. E que cancelaríamos as atas do acordo”, contou Abdo Benítez. “Os responsáveis já não estão mais em seus cargos, assumiram a culpa. O presidente assumiu a liderança e esta é a realidade atual”, acrescentou o mandatário, amenizando a dimensão da crise política.

Acordo cancelado
No último dia 29, o Congresso paraguaio aprovou um projeto para anular os termos da ata. O texto diz que o governo deve encarar toda negociação “com o Brasil sobre Itaipu na base da transparência, em particular da plena soberania hidrelétrica”. Três dias depois, os governos dos dois países decidiram cancelar a ata do acordo e voltar a negociar a contratação da energia de Itaipu.

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