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Sindicalização de trabalhadores no Paraná vem apresentando queda

Santos Dumont_MG, Brasil. Operario trabalhando na eletrificacao rural proximo a Santos Drumont. Worker working in rural electrification near to Santos Drumont. Foto: LEO DRUMOND / NITRO

Por décadas a principal frente de luta dos trabalhadores na busca por mais direitos e melhores condições de emprego, os sindicatos estão à mingua no Paraná. Conforme dados divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018 o número e o porcentual de trabalhadores sindicalizados no estado atingiram o menor nível da série histórica, iniciada em 2012. Informações de Bem Paraná.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD Contínua), no ano passado, o número de pessoas ocupadas no Paraná chegou a 5,54 milhões, com alta de 1,89% na comparação com 2017 (5,44 milhões). Apesar da alta na taxa de empregabilidade, a sindicalização de trabalhadores registrou queda pelo terceiro ano consecutivo: em 2018, 620 mil trabalhadores paranaenses estavam sindicalizados, o equivalente a 11,2% do total de pessoal ocupado. Em 2017, eram 700.828 trabalhadores associados a sindicatos (12,9% do total).

Os resultados do Paraná seguem uma tendência nacional. No Brasil, apenas 12,5% (11,5 milhões de pessoas) dos 92,3 milhões de pessoas ocupadas no ano passado estavam associadas a algum sindicato, sendo que em relação a 2017, quando a taxa era de 14,4%, houve redução de 1,5 milhão de trabalhadores sindicalizados no país.

Ainda considerando os dados a nível nacional, a maior taxa de sindicalização em 2018 ocorreu entre trabalhadores do setor público (25,7%), seguido por trabalhadores do setor privado com carteira assinada (16%). Os trabalhares sem carteira no setor privado apresentaram uma das menores estimativas de sindicalização (4,5%). Já os trabalhadores por conta própria tiveram taxa de sindicalização de 7,6%.

A pesquisa também analisou o número de pessoas sindicalizadas em relação ao grupamento por atividades, sendo que nove das dez categorias analisadas apresentaram a menor taxa de sindicalização desde 2012. As maiores perdas ocorreram no setor de Transporte, armazenagem e correio (de 17,5% em 2017 para 13,5% em 2018) e no de Alojamento e Alimentação (de 6,8%para 5,7%).

De acordo com a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy, as duas atividades com mais perdas foram justamente as que mais geraram ocupação, a de transporte por causa dos aplicativos e a de alimentação pelo fenômeno dos ambulantes de comida.

“As duas atividades cresceram com trabalhadores mais precarizados, normalmente sem carteira de trabalho ou por conta própria, que são trabalhadores que de fato não têm mobilização sindical”, aponta a pesquisadora. “Então a queda de sindicalização nessas duas atividades, principalmente no caso dos transportes, pode estar associada a um processo de precarização dos trabalhadores nessas atividades”, completa.

Número de pessoas trabalhando em veículo cresce 24%

Em 2018, o número de pessoas trabalhando em veículos, como motoristas de aplicativos, taxistas e motoristas e trocadores de ônibus, teve crescimento de 24,3% no Paraná, passando de 146.381 pessoas para 182.973. É a maior alta, em termos porcentuais e absolutos, desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE.

Já aqueles que trabalham em local designado pelo empregador, patrão ou freguês, grupo que inclui os entregadores em geral, registrou a segunda maior alta da série histórica e atingiu o seu maior contingente: são 527.722 pessoas, 4,6% a mais na comparação com 2017.

“As recentes altas podem estar relacionadas ao crescimento dos serviços de transportes de passageiros e de entregas por aplicativos de celular, refletindo as mudanças na economia atual”, comentou a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy.

Por fim, a pesquisa mostrou também que houve aumento de 2,70% na quantidade de paranaenses trabalhando em vias públicas em relação a 2017, somando 57.488 trabalhadores. Entre essas pessoas estão, por exemplo, vendedores ambulantes. No Brasil inteiro, são 2,3 milhões de pessoas trabalhando nessas condições, diz o IBGE.