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SIMON CONCORDA COM CRITICAS DE JARBAS

SIMON CONCORDA COM CRITICAS DE JARBAS

entrevista para Terra Magazine

O senhor concorda com as críticas do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)?
Pedro Simon –
Concordo, ele disse muitas verdades. Talvez a forma não tenha sido a mais ideal. O PMDB é um partido que não se identifica com as bases. O partido teve grandes vitórias, eleições para presidência do Senado, Câmara, prefeitos e vereadores. Porém, na hora de assumir é um partido secundário, onde os membros se preocupam com cargos, favores, vantagens. Por oito anos, durante o governo FHC, o MDB estava lá, fazendo parte do Ministério. Agora, com o Lula, nada mudou. Não há interesse por formular um programa, apresentar uma candidatura própria.

Acredita que o País precisa de uma reforma ética e política?
Sim e não. Não podemos fugir dela, ela é necessária. Porém não acredito que os comandantes queiram a reforma. Nem Lula quer, nem a oposição. Eles fingem uma reforma. Não tratam com seriedade a fidelidade partidária, eleições corruptas vinculadas à verba pública. Frente a isto, todos falam em reformas, mas ninguém a quer de verdade. Nem governo, nem oposição.

Como o senhor avalia as críticas feitas ao PMDB? Carguista, só visa o prestígio político…
Isto não é só o PMDB. São todos os partidos. O próprio Jarbas diz que não sai do PMDB porque não tem para onde ir. Durante oito anos o PSDB fez tudo o que quis fazer. Vendeu a Vale em troca de banana. Medida mais antipatriótica que já vi em 30 anos de carreira política. A segunda medida foi a votação da ementa que permitia a reeleição do FHC. Foi comprada. Escandalosamente. Então, no tempo FHC foi assim. No tempo do Lula, nada mudou. Na oposição o PT era uma maravilha, na situação… Nada é mais igual que o PSDB do Fernando Henrique e o PT do Lula no governo.

Concorda no apoio a Serra?
Concordo plenamente com as críticas que meu amigo Jarbas teceu em relação ao atual governo. Mas faltou falar do governo anterior. Quando ele afirma que vai apoiar o Serra, está fazendo um desserviço. Um grupo está com Lula, outro com Serra. Quem é que está com o PMDB? Quem se preocupa com que tenhamos um programa, uma idéia, um candidato à presidência da república? Temos que nos valorizar enquanto partido. Não podemos ficar nessa posição de noiva que dá para quem oferece mais.

Ele fez críticas severas, mas não aponta nomes e quais os esquemas, acredita que ele deveria tê-lo feito? Por quê?
Ele deu inclusive percentuais. Disse que 90% dos líderes regionais praticam "o clientelismo, de olho principalmente nos cargos". Acredito que não cabia a ele falar mais do que isto. Em cima da entrevista é possível que queiram expulsar o Jarbas, o que é ridículo. É necessário chamá-lo para debater, analisar a situação e aprofundar a discussão.

Nesse momento, uma discussão desta fortalece ou enfraquece o partido para eleições presidenciais de 2010?
Acredito que uma entrevista como a dele não terá graves conseqüências. Porém, se o partido se reunir, debater, analisar, quem sabe transformaremos o limão numa limonada.

Acha que assim ele enfraquece os peemedebistas governistas?
No momento em que ele fala em apoiar o Serra, é ele quem fica enfraquecido. Parte do partido fecha com Lula e parte com Serra. O certo seria esperar para ver o que o PMDB quer. Quando ele declara seu voto, ele praticamente encerra a discussão.

Então ao apoiar Serra sem prévias ou convenções, Jarbas também não estaria reforçando essa visão de um PMDB que pleiteia cargos?
O que ele está dizendo hoje é o que acontecia no governo do Fernando Henrique também. Os homens do FHC são os homens do Lula. Geddel é um caso típico, era o homem de mais absoluta confiança do FHC e hoje é o homem do Lula. Para Jarbas, essa gente só quer saber de permanecer no governo e se o Lula transferir sua popularidade para Dilma vão de Dilma. Caso não consiga, vão de Serra. Ou seja, não existe um programa político próprio do PMDB.