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Sete grandes momentos pelos quais lembraremos de José Mujica

El País

No domingo foram realizadas eleições no Uruguai. Uma notícia que poderia passar despercebida para muitos que não se interessam especialmente por política internacional não fosse pelo fato de que isso representa o final de uma era e de uma máquina de fabricar momentos virais: José Pepe Mujica. O até agora presidente uruguaio não pode ser reeleito, depois de cinco anos no cargo, durante os quais nos deixou grandes momentos.

O presidente mais pobre do mundo, o presidente do povo, o político que não vive como um político… Mujica tem algo com que conseguiu criar empatia com o cidadão comum. Despedimo-nos dele fazendo uma compilação de seus momentos mais midiáticos.

1. A entrevista com Jordi Évole, na qual conhecemos sua casa

Como sabemos que Mujica vive mesmo como uma pessoa comum, sem luxos? Ora, porque nós vimos, O presidente uruguaio deixou os jornalistas entrarem em sua casa, onde vive há quase 30 anos, e eles puderam confirmar que não tinha um Miró no banheiro. “Um barraco de elevado prestígio”, definiu Juan José Millás. Uma das entrevistas concedidas em sua casa com maior repercussão na Espanha foi a realizada por Jordi Évole para o programa Salvados. “A culpa é dos outros presidentes. O que é estranho é como eles vivem. A maior parte das pessoas que compõem as nações não vive como os presidentes. Eu já vivia assim antes do governo e, claro, no governo, é igual”, disse Mujica.

2. A foto comendo um prato feito num restaurante simples durante as férias

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As férias são o momento do ano de dar-se um pequeno luxo. Não para Mujica e sua mulher, Lucía Topolansky, que foram “flagrados” comendo um PF em um restaurante simples da cidade de Carmelo no ano passado. A foto – e depois, o vídeo – se tornaram virais.

3. A intervenção na ONU em 2013

Uma de suas intervenções mais comentadas. Perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2013, Mujica agiu como um Pepito Grillo (Grilo Falante) diante dos dirigentes internacionais. O discurso tem 45 minutos, mas estas são algumas de suas melhores frases.

“Sacrificamos os velhos deuses imateriais, e ocupamos o templo com o Deus Mercado. Ele nos organiza a Economia, a Política, os hábitos, a vida e até nos financia a aparência de felicidade em prestações e cartões. Pareceria que nascemos somente para consumir e consumir e, quando não podemos, arcamos com a frustração, a pobreza e a auto-exclusão.

Volto a repetir: a crise ecológica do Planeta é consequência do triunfo avassalador da ambição humana

Prometemos uma vida de excessos e desperdício, que constitui uma conta regressiva contra a natureza, e contra a humanidade como futuro.”

4 . Queixando-se do futebol

Há algo mais “normal” do que se chatear por causa do futebol? Depois da eliminação do Uruguai da Copa no Brasil e a punição a Luis Suárez pela famosa mordida em Chiellini, Mujica disse logo à Fifa o que lhe veio à cabeça, qualificando-a de “bando de velhos filhos da puta”.

5. A polêmica com Cristina Fernández de Kirchner

Meter os pés pelas mãos é humano. Diante de um microfone, também. Isso aconteceu em 2013 com Pepe Mujica, e suas palavras criaram uma minicrise diplomática com a vizinha Argentina. “Essa velha é pior que o caolho. O caolho era mais político, essa é mais teimosa”, disse, referindo-se a Cristina Fernández (a teimosa) e Néstor Kirchner (o caolho).

6. Fumando um baseado ao lado dele (mas não com ele)

Uma das medidas mais importantes do mandato de Mujica foi a descriminalização da maconha. O Uruguai se transformou no primeiro país do mundo a fazer isso. O pessoal da revista Vice foi a Montevidéu e se impôs um desafio: fumar um baseado com o presidente diante das câmeras. Mujica disse ao jornalista que lhe parecia fantástico que ele estivesse fumando, mas que nunca havia experimentado maconha e, obrigado, mas não quero. Nessa reportagem (em inglês) ele deixa bem clara sua opinião sobre o assunto (a partir do 17º minuto).

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7. O discurso na Rio+20

Na Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável que ocorreu no Brasil em 2012, Mujica falou diante de representantes de 139 países e sua apresentação deixou grandes frases para recordação.

“Estamos governando a globalização ou é a globalização que nos governa? É possível falar de solidariedade e de que “estamos todos juntos” em uma economia baseada na competição cruel? Até onde chega nossa fraternidade?

Precisamente por ser esse o tesouro mais importante que temos, a felicidade. Quando lutamos pelo meio ambiente, temos de lembrar que o primeiro elemento do meio ambiente se chama felicidade humana.

O problema é o mercado, porque temos que trabalhar e temos que sustentar uma civilização do “use e jogue fora”, e desse modo estamos num círculo vicioso.”