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Senadores questionam diferença em cronogramas do Ministério da Saúde e Fiocruz

Diante das diferenças entre os cronogramas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde para entrega de vacinas a cada mês, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pediu, nesta terça-feira (23), esclarecimentos à presidente da fundação, Nísia Trindade Lima, durante sessão temática para discutir a produção de imunizantes contra a covid-19.

Tanto no cronograma da Fiocruz quanto o plano de imunização do governo entregue ao Senado coincidem em março: 3,8 milhões de doses, mas, em abril o Ministério da Saúde informou que seriam 30 milhões contra 18 milhões anunciadas pela Fiocruz. Os números também divergem em maio: 25 milhões de doses segundo o governo e 21 milhões de acordo com a fundação. Já em junho, o ministério previa a entrega de 25 milhões de doses. A Fiocruz tem uma estimativa maior: 34 milhões. Em julho, o cronograma do governo prevê 16 milhões de doses, e da Fiocruz, 21 milhões.

— Então, eu queria apenas identificar e saber o motivo da diferença da informação da Fiocruz com a informação do ministério e, uma outra dúvida também: por que há tantas variações de um mês para o outro? Por que não é uma escala uniforme de produção e por que, por exemplo, pula para 18 milhões em abril, para 21 milhões em maio, depois para 34 milhões em junho e depois volta para 21 milhões em julho? Qual o motivo dessa variação? — questionou Rodrigo Pacheco.

Segundo a Fiocruz, a demora da chegada de lotes do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) — matéria-prima para fabricação da vacina — e outros fatores técnicos, como o prazo para testes e outros contratempos, classificados por ela como “normais” no processo de produção de vacinas levaram a projeções diferentes. Contudo, Nísia Lima manteve a estimativa de entrega de cerca 100 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca, número que inclui a produção no Brasil e a importação.

— O que aconteceu é que foi uma projeção, um cálculo de entrega de um milhão de doses/dia, só que chegar a esse patamar esbarrou em algumas questões. Primeiro, há um processo para isso, esse início sempre requer alguns ajustes. Também, além disso, essa discrepância que o senhor sinalizou tem a ver com o seguinte: com a chegada do IFA, esse é um ponto — então, em todas as projeções, ele vem por etapas. Além disso, cada lote de vacina fabricado fica 20 dias em teste para avaliar sua estabilidade ou verificar se há alguma possibilidade de contaminação — detalhou a presidente da Fiocruz.

Segundo Nísia, a Fiocruz está trabalhando muito perto da capacidade máxima, mas trabalha para acelerar as entregas. A fundação ainda trabalha com a expectativa de produção de uma vacina 100% nacional até setembro.

— Essas entregas já começaram. A partir da próxima semana, elas serão feitas duas vezes por semana. As primeiras entregas foram semanais, crescendo em maio e em junho, com uma entrega maior de 34,2 milhões de doses, completando, então, as 100,4 milhões de doses em julho — disse.

Sobre as vacinas, Nísia Trindade sustentou que pesquisas evidenciam a alta eficácia dos imunizantes e ressaltou que não não houve nenhuma detecção de aumento de risco de trombose.

Além da Fiocruz, senadores convidaram para a reunião representantes de laboratórios brasileiros e estrangeiros, além de empresas farmacêuticas. Durante a sessão, Rodrigo Pacheco também questionou o prazo firmado entre o governo federal e a Janssen para entrega das 38 milhões de doses do imunizante da farmacêutica. Em resposta, o representante da empresa no Brasl, Ronaldo Pires, afirmou que o contrato prevê apenas a entrega até o final do ano, sem uma data específica.

— O cronograma hoje é para o final do ano, mas trabalhamos para antecipar — apontou o diretor de assuntos governamentais da Janssen no Brasil.

Cronograma

Após abrir a reunião com 1 minuto de silêncio em homenagem ao senador Major Olimpio, que morreu na semana passada por complicações da covid-19, o presidente do Senado reafirmou a importância da vacinação em massa.

Senadores, entre eles, Esperidião Amin (PP-SC), Paulo Paim (PT-RS) e Eduardo Braga (MDB-AM), começaram a participação na sessão com questionamentos sobre meios de agilizar a entrega de vacinas.

— Como podemos conseguir antecipar vacinas para o Brasil. Há algum mecanismo para que possamos antecipar as vacinas? Não se trata de uma questão de cronograma, se trata que a cada dia o Braisl está matando mais de 2 mil pessoas por falta de vacina .

Autora do requerimento para realização da sessão (RQS 896/2021), a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) disse que o Poder Executivo foi omisso no enfrentamento da pandemia e pediu a união do Congresso Nacional para superar a maior crise sanitária da história.

 — A única coisa que eu prezo neste momento é que Vossa Excelência [Rodrigo Pacheco] possa nos unir num pacto nacional. Se o presidente [da República] estiver junto, aplausos, se não estiver, una esta nação com estes homens e mulheres de bem que estão nesta sessão para que a gente possa dizer que estamos, de fato, fazendo alguma coisa além de apelar, pedir, implorar. Vamos nos unir, temos força, somos o Congresso Nacional — enfatizou a parlamentar.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

com informações da Agência Brasil