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Seis anos a frente do Fundo Iguaçu

gilmar piolla

(*) Gilmar Piolla

Após seis anos, estou deixando hoje, 11 de dezembro, a presidência do Fundo de Desenvolvimento e Promoção Turística do Iguaçu, o nosso Fundo Iguaçu. Fui eleito e reeleito três vezes para a função, num trabalho voluntário que tanto me honrou e do qual tanto me orgulho.

Ao longo desse tempo, as responsabilidades se somaram e as conquistas se multiplicaram, são visíveis e já garantem ao nosso Fundo o respeito e a admiração geral. E isso se deve, principalmente, porque as decisões são sempre tomadas em consenso, mesmo quando esse consenso é resultado de muitas discussões, algumas acaloradas.

Penso que a alternância num cargo como este é vital para abrir caminho a novas visões, a outros métodos de trabalho e de ação, mas claro que sem perder o foco no objetivo principal para o qual foi criado o Fundo Iguaçu: dar impulso à Gestão Integrada do Turismo, que o idealizou; criar ações de divulgação e promoção para trazer mais turistas e eventos para a nossa cidade e região e, de forma especial, agilizar e suprir carências do nosso destino em áreas vitais, como a atração de novos investimentos, públicos e privados, e viabilizar os grandes projetos de infraestrutura.

Aqui no Fundo Iguaçu, aprendemos que não basta simplesmente atrair mais visitantes, mas sim garantir cada vez mais melhorias para que o destino Iguaçu seja reconhecido, no Brasil e no exterior, por uma série de qualidades, que não se resumem a seus fantásticos atrativos.

Todos se lembram como tudo começou, depois que a Gestão Integrada do Turismo já estava em atividade, já com a participação firme de Itaipu, que antes mantinha atividades isoladas em relação ao setor turístico. Com o Fundo Iguaçu, a Gestão Integrada passou a contar com a liberdade de atuação que uma entidade como essa propicia, sem os males da burocracia e com a agilidade que as ações de marketing e de promoção muitas vezes exigem.

Foi graças a isso que o Fundo Iguaçu pôde contribuir para fortalecer a imagem de Foz do Iguaçu, ainda vista de forma deturpada no Brasil e até no exterior. E como isso foi feito? A par de campanhas publicitárias, houve um trabalho que acabou se tornando o carro-chefe das nossas ações: fazer com que as Cataratas do Iguaçu não só participassem da eleição, inicialmente, mas ficassem entre as Sete Novas Maravilhas da Natureza.

Não é preciso detalhar a campanha nem dizer a importância dessa eleição para Foz do Iguaçu, que colhe e continuará colhendo os louros dessa conquista. Nesta semana ainda, vejam só, Foz do Iguaçu foi o único destino brasileiro apontado pelo Trip Advisor como um dos dez destinos mundiais em ascensão para 2016. E, é claro, as Cataratas aparecem como o grande destaque que merecem, embora ainda tenhamos muito mais a oferecer por aqui – e o turista cada vez mais sabe disso.

Mas um destino se constrói também com ações que garantam a vinda de diferentes públicos, em diferentes épocas do ano. Foi por isso que o Fundo Iguaçu projetou o nosso calendário fixo de eventos, que incluem os esportivos, como a Meia Maratona das Cataratas, os campeonatos de canoagem, as duas recentes edições do Ironman, que foram um absoluto sucesso, e até de esportes radicais, como o slackline.

Mas, também, em outras áreas. Está aí o Natal das Cataratas, de volta após um ano em que perdemos a oportunidade de tornar a atração ainda mais tradicional. E tem, ainda, o nosso prestigiadíssimo Festival de Turismo das Cataratas. Não é à toa que galgamos ao terceiro lugar no ranking das cidades brasileiras que mais recebem eventos internacionais, atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Hoje em dia, quando se fala em promover um destino turístico, é fundamental estar atento à internet e às mídias sociais. O Cataratas Day, já em sua segunda edição, é a prova de que dá resultado fazer com que o internauta participe. Só na ação deste ano, 77 milhões de pessoas em todo o mundo foram impactadas pela campanha. A visualização não se resume ao dia da campanha, se prolonga enquanto existir a internet, isto é, provavelmente para sempre.

Quando se aumenta o interesse do público em geral para conhecer um lugar, é óbvio que é preciso facilitar o acesso. Foi o que fizemos em Foz do Iguaçu. O número de voos no nosso aeroporto simplesmente triplicou. E, este ano, vamos fechar com mais de dois milhões de embarques e desembarques, um recorde histórico. Enquanto outros aeroportos no Brasil estão tendo queda no movimento, aqui o aumento em relação a 2014 já está acima de dez por cento.

Recorde que se repete nas Cataratas do Iguaçu, que vão também superar a marca histórica de 2014. E em Itaipu, no Parque das Aves é a mesma situação. Mais visitantes, mais gente satisfeita com nossos atrativos, que nas redes sociais, gratuitamente, expõem seus elogios e, com isso, incentivam a vinda de mais turistas. É um círculo virtuoso.

O Fundo Iguaçu, como afirmei antes, não se limitou a promover e a divulgar nosso destino. Nós percebemos que havia – e ainda há – uma série de problemas de infraestrutura. Mais que isso, descobrimos também que, muitas vezes, falta aos governos federal, estadual e municipal um organismo que execute projetos. Se formos reivindicar determinada obra já com o projeto em mãos, é mais fácil conseguir que ela seja executada.

Nosso primeiro bom exemplo vem da Ponte da Amizade. As obras de revitalização estão sendo executadas com base em projeto apresentado pelo Fundo Iguaçu. Da mesma forma, foi o Fundo Iguaçu que elaborou os estudos de viabilidade e ajudou na montagem do edital de concessão do Marco das 3 Fronteiras e do Espaço das Américas, hoje em fase de obras pela empresa vencedora, a Cataratas do Iguaçu S.A. Será mais um atrativo de qualidade para nossos visitantes, o que contribuirá para aumentar o tempo de permanência em nossa cidade.

Pouco se fala de um terceiro exemplo: a instalação de controladores de velocidade no Parque Nacional do Iguaçu, para evitar justamente o que era o calcanhar de aquiles do nosso trade, sempre criticado porque os táxis e vans eram responsabilizados pela morte de animais selvagens. Nos últimos tempos, graças a esses controladores, não tivemos mais problemas.

Há muito mais que deve ser feito para melhorar nossa cidade. Estamos fazendo os ajustes finais nos projetos de engenharia da nova pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que vai ampliar a capacidade do nosso terminal, permitindo voos diretos para Estados Unidos e Europa. Antes disso, fomos responsáveis também pela elaboração do novo Plano Diretor.

É claro que tudo isso exige muito trabalho e paciência, porque os procedimentos burocráticos são de enlouquecer. Agora mesmo, em relação ao projeto de duplicação da BR-469, a Rodovia das Cataratas, estamos providenciando o licenciamento ambiental junto ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e realizando os estudos arqueológicos exigidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Temos que enfrentar todos os obstáculos, pensando que o resultado final vai valer a pena. Mais alguns dias e concluiremos o projeto do viaduto da Avenida Costa e Silva, o que vai melhorar – e muito – o acesso e a mobilidade urbana.

Mas há muito mais. Aliás, uma boa notícia: as praças do Centenário, que deveriam ficar prontas no aniversário de Foz, em 2014, vão sair agora. Nesta sexta, foi assinado o edital de licitação da revitalização da Praça da Paz, Praça do Mitre e Praça da Bíblia. Com um atraso exagerado, mas é fundamental pensar que finalmente a população iguaçuense contará com espaços apropriados para o lazer, o descanso e atividades culturais. Serão, ainda, os pontos de encontro de que a cidade tanto precisa. Quem sabe, um ponto de encontro também para os turistas ou para a convivência entre visitantes e moradores.

Nossos próximos desafios são o projeto de revitalização da Trilha das Cataratas, que permitirá melhorar o acesso dos visitantes, inclusive prevendo o crescente aumento da demanda, e a implantação do Centro de Capacitação do Sindhotéis, onde teremos cursos de gastronomia da escola francesa Le Cordon Bleu.

Tudo o que fizemos e vamos fazer é porque Foz do Iguaçu já não é mais aquela de 2007, quando surgiu a Gestão Integrada do Turismo, ou a de 2009, quando criamos o Fundo Iguaçu. Foz mudou de imagem e mudou de patamar enquanto destino turístico. O reconhecimento vem das mais variadas frentes, mas não podemos nos acomodar nunca.

Se somos o destino brasileiro que se destaca no Trip Advisor, temos que permanecer sempre entre os primeiros. Não basta ser destaque num ano, mas sempre. Para isso, tudo o que fizemos, embora seja bastante, ainda é muito pouco.

Deixo a presidência do Fundo Iguaçu em ótimas mãos. Carlos Silva tem a competência e a sensibilidade para fazer o que é certo. E terá sempre o nosso apoio, meu e de todos os que fazem parte da Gestão Integrada do Turismo. É com a união que venceremos os desafios.

(*) Gilmar Piolla, presidente do Fundo Iguaçu de 2009 a 2015