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Segundo o Datafolha, Moro supera Bolsonaro e se sobressai como ministro mais popular

O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que hoje comanda o Ministério da Justiça, se consolidou como o ministro mais bem avaliado no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, com apoio popular maior do que o do próprio presidente. As informações são de Bernardo Caram na Folha de S. Paulo.

Pesquisa Datafolha feita na quinta (5) e sexta-feira (6) da última semana aponta que Moro é conhecido por 93% dos entrevistados.

Entre os que dizem conhecê-lo, 53% avaliam sua gestão no ministério como ótima/boa. Outros 23% consideram regular, e 21%, ruim/péssima –3% não souberam opinar.

Bolsonaro tem indicadores mais modestos, de acordo com levantamento divulgado neste domingo (8), com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo —1% não soube avaliar.

A pesquisa ouviu 2.948 entrevistados em 176 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. As entrevistas foram feitas pessoalmente, em locais de grande circulação.

Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, seja o segundo mais conhecido da Esplanada dos Ministérios, a vice-liderança de aprovação ficou com a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), com 43% de ótimo/bom.

A avaliação positiva de Guedes é de 39%. O diagnóstico do titular da Economia ficou estável mesmo após o resultado melhor que o esperado do PIB no terceiro trimestre e a promulgação da reforma da Previdência, comemorada pelo governo.

Tanto Guedes como Damares apresentam resultado melhor do que Bolsonaro.

A popularidade de Moro seguiu inalterada em meio a uma série de episódios nos últimos meses com potencial de desgastar a sua gestão.

Após a última pesquisa, feita no fim de agosto, o ministro sofreu derrotas no Congresso.

Em novembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou a prisão em Curitiba e ampliou a polarização política com críticas a Moro e ao governo Bolsonaro.

O ex-juiz foi o responsável pela condenação do petista por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP) em primeira instância. A condenação foi mantida pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Lula, porém, foi beneficiado por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) contra um dos pilares da operação —a prisão após condenação em segunda instância. Por 6 votos a 5, os ministros estabeleceram o início do cumprimento da pena somente após esgotados todos os recursos, o chamado trânsito em julgado.

Solto, o ex-presidente elevou o tom das críticas e tem feito discursos com ataques a Moro e à Lava Jato.

Como resultado, o ministro da Justiça se colocou como um dos principais personagens da polarização política.

Desde a metade do ano, manifestações são convocadas em apoio a Moro e à operação. Um ato chamado pelo movimento Vem Pra Rua reuniu manifestantes em defesa do ministro neste domingo na avenida Paulista, em São Paulo, e em outras capitais. Eles também protestaram contra a decisão do STF que barrou a prisão em segunda instância.

Na atuação legislativa, porém, dez meses após apresentar um pacote com medidas anticrime ao Congresso, Moro sofreu uma derrota política na última semana ao ver a Câmara aprovar uma versão desfigurada da proposta, sem algumas de suas principais bandeiras, como o excludente de ilicitude e a prisão logo após condenação em segunda instância.

Apesar da dificuldade de articular o pacote, o ministro da Justiça tem liderado a negociação no Congresso por uma nova regra que permita a prisão de condenados antes de esgotados todos os recursos.

“Não haveria melhor mensagem do que o restabelecimento da prisão após condenação em segunda instância. A decisão se é por PEC, se é por PL [projeto de lei] ou se é por ambos, cabe ao Congresso”, disse Moro na última quarta-feira (4).

Em outro episódio que colocou seu nome em evidência nos últimos meses, a divulgação de trocas de mensagens com procuradores da Lava Jato gerou debate sobre sua imparcialidade como juiz.

Os arquivos, obtidos pelo site The Intercept Brasil, revelaram, entre outras coisas, que Moro interferiu em negociações de delações premiadas, o que não está previsto na lei, e omitiu uma palestra remunerada ao prestar contas de suas atividades como magistrado.

Recentemente, diante da morte de nove jovens após ação policial na favela de Paraisópolis, em São Paulo, o ministro disse acreditar que houve excesso e falhas graves.

Após a afirmação, o governador paulista, João Doria (PSDB), que costuma exaltar a figura de Moro, recuou e prometeu revisar os protocolos da Polícia Militar.

A avaliação do ex-juiz, nesse cenário, mantém-se estável desde o início de julho, quando ele tinha 55% de ótimo/bom. Em agosto, o percentual ficou em 54% e agora está em 53%. As oscilações ocorreram dentro da margem de erro.

Neste primeiro ano de governo, Moro também teve sua autoridade colocada em xeque por Bolsonaro, que defendeu a sua prerrogativa como presidente de interferir na escolha de cargos na Polícia Federal, que é subordinada ao ministro da Justiça.

Ainda assim, os bolsonaristas são os que mais dizem apoiar Moro. Entre os que votaram em Bolsonaro para presidente em 2018, 79% afirmam que a gestão do ministro da Justiça é ótima ou boa.

Esse índice cai para 43% no caso de quem votou branco ou nulo e para 26% entre eleitores de Fernando Haddad (PT), candidato derrotado por Bolsonaro no segundo turno.

Em outros recortes, as maiores taxas de avaliação positiva de Moro aparecem entre homens (59%), brancos (61%), moradores da região Sul (64%) empresários (74%), pessoas com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (73%), evangélicos neopentecostais (61%) e católicos (55%).

Na outra ponta, índices menores de aprovação são registrados entre mulheres (48%), negros (43%), moradores do Nordeste (41%), estudantes (39%) e pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos (46%).

O Datafolha também captou a avaliação dos entrevistados sobre a atuação, além de Moro, Guedes e Damares, de mais quatro ministros: Abraham Weintraub (Educação), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

Desses, Guedes é o mais conhecido (80%) e Weintraub, o menos (32%).

As piores avaliações estão com os ministros da Educação e do Meio Ambiente. Entre os que dizem conhecê-los, 31% e 28%, respectivamente, afirmam que a gestão deles é ruim/péssima. Desde a última pesquisa, o maior recuo de aprovação ficou com Ernesto Araújo (queda de oito pontos percentuais). A única variação positiva é de Weintraub (alta de cinco pontos).