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Revista Ideias traz reportagem especial sobre Rafael Greca

A Revista Ideias, editada pelo jornalista Fábio Campana, traz em sua última edição, uma extensa reportagem sobre a trajetória do peemedebista e pré-candidato à Prefeitura de Curitiba, Rafael Greca.

Com o título “Big Greca”, a matéria destaca o retorno de Greca ao cenário político para a disputa eleitoral contrariando prognósticos adversos e o currículo classificado como “invejável”.

“Rafael foi vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, ministro. Carreira que poucos políticos paranaenses realizaram. Ganhou notoriedade porque, ao contrário da maioria dos políticos nativos, é intelectual de consistente formação que ultrapassa a vocação profissional (..)”, diz um dos trechos do texto.

Confira abaixo a íntegra da reportagem produzida por Fábio Campana.

BIG GRECA

Por Fábio Campana
Rafael Greca está de volta

Ele voltou. Contra todos os prognósticos e vontades adversas dentro de seu partido, o PMDB, Rafael Greca de Macedo retorna à liça nesta eleição de 2012 como candidato a prefeito de Curitiba, cargo que já foi seu e que deixou com grande aprovação popular. Saiu para concorrer a deputado federal e obteve estrondosa votação de 226.554 votos. Foi o mais votado dos deputados federais do Paraná.

Seu currículo é invejável. Rafael foi vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, ministro. Carreira que poucos políticos paranaenses realizaram. Ganhou notoriedade porque, ao contrário da maioria dos políticos nativos, é intelectual de consistente formação que ultrapassa a vocação profissional. Engenheiro, não é técnico. Muito menos tecnocrata. Rafael é múltiplo, quase enciclopédico. Economista, escritor, poeta, pesquisador de história, urbanista. Membro da Academia Paranaense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

Sua melhor arma é o florete. Sabe esgrimir como ninguém num debate público. Mais ainda se o público for grande. Adora uma plateia. Seus adversários detestam tê-lo como desafiante. Rafael Greca se destacou pela rapidez de raciocínio, presença de espírito, capacidade de dar respostas imediatas a qualquer provocação e em qualquer circunstância. E quando parte para o ataque pode aplicar golpes surpreendentes e mortais.

Suas fragilidades? A maior delas tem a ver com a migração que fez de um grupo político liderado por Jaime Lerner, com quem começou sua carreira, para o time de Roberto Requião, o arquirrival de Lerner e por muito tempo algoz do próprio Greca. Não que os políticos brasileiros sejam fiéis aos seus partidos e aos seus líderes, mas no caso de Greca houve uma ruptura traumática agravada pela adesão considerada impossível. Troca não assimilada pela maioria dos eleitores de Curitiba.

Perdeu prestígio entre os eleitores antigos que detestam Requião e não ganhou votos entre os eleitores novos que sempre o viram como figura emblemática da banda de Jaime Lerner, o odiado por nove em cada dez dos seguidores de Requião.

Outra. Tropeçou no Ministério do Turismo e Esporte. Boas ideias mal executadas empanaram seu brilho. Rafael não dominava o jogo político na República e perdeu-se nas contradições internas do governo FHC. Contrariou interesses estabelecidos e outros que pretendiam se estabelecer com as novas regras da exploração do jogo, do bingo. Trombou e passou pela fritura em fogo lento através da mídia estimulada pelos adversários.

Esse processo culminou nos festejos dos 500 anos do descobrimento. A ideia da reprodução da nau capitânea de Pedro Álvares Cabral para cruzar o Atlântico e repetir a chegada em Porto Seguro foi um desastre. Felliniano. O projeto de Greca foi entregue a um almirante da gloriosa Marinha Brasileira. A nau simplesmente não navegou. Virou chacota. É claro que se esqueceram do almirante e sua engenharia naval. A pecha de desastrado construtor de naus ficou para Greca. Seus inimigos adoram repetir a história e a imagem de decepção das figuras gradas que em Porto Seguro aguardavam a travessia enquanto uma grande manifestação de índios pataxós uivava pela posse da terra. Manifestação, diga-se, organizada por outro paranaense, então presidente da Funai e requianista adversário político de Greca.

Também não lembram da boa comemoração dos 300 anos de Curitiba, com o tenor Jose Carreras na Ópera de Arame. Nem da passagem de grandes escritores pela cidade, entre eles Vargas Llosa, que escreveu crônica definitiva sobre Greca, a cidade e especialmente sobre a Ópera de Arame.

A malfadada passagem pelo ministério de FHC não lhe cortou a veia criativa. Greca tem ideias, muitas ideias. E pretende despejá-las nesta campanha eleitoral sobre os seus adversários que, acredita, são faltos de criatividade e seguem padrões ancorados na década de 70 do século passado ou em soluções prontas que são adotadas sem nenhum questionamento. É o caso do metrô.

Rafael Greca apresenta uma alternativa que ele diz ser mais econômica e de menor impacto socioambiental para melhorar a mobilidade urbana em Curitiba. Ele defende a instalação do sistema de monotrilho, em substituição ao projeto do metrô convencional, programado para os próximos anos para a capital paranaense. Greca citou o projeto do monotrilho aprovado para a construção na Linha 2 do metrô de São Paulo que, segundo ele, trará economia aos cofres públicos e muito mais funcionalidade para o transporte coletivo curitibano.

E não lhe faltam críticas ácidas aos projetos realizados pela prefeitura nas últimas gestões de Beto Richa e Luciano Ducci. Um exemplo? Diz Greca que a Linha Verde é a “rua mais cara do mundo”, com um custo estimado em R$ 380 milhões. Cada quilômetro pavimentado (20 km previstos no projeto inicial), de acordo com o peemedebista, tem o custo de R$ 19 milhões para os cofres do município.

— A prefeitura, na gestão de Richa e de Ducci, consumiu todos os recursos programados para a Linha Verde, a ponto de o prefeito Luciano Ducci, viajar para Brasília, para pedir mais recursos de empréstimos federais para o senador Roberto Requião, frisou Greca com o tom irônico que costuma usar.

Ele insiste ainda que dos 20 quilômetros prometidos de pista, apenas nove quilômetros foram pavimentados. E, segundo ele, ainda faltam 15 trincheiras para serem construídas, conforme o projeto original.

É com propostas e questionamentos como esses que Rafael pretende enfrentar os adversários na campanha eleitoral para voltar ao cargo que o consagrou. É candidato a prefeito de Curitiba pelo PMDB com ideias novas, diferentes, como a criação de uma “cidade em rede”. Em qualquer outro candidato estas ideias soariam estapafúrdias. Em Rafael suscitam curiosidade. Algo é certo, Rafael Greca de Macedo deve mudar o tom monótono e modorrento do debate eleitoral.

Para tanto ele enfrenta antes de se submeter às urnas um obstáculo que não de somenos. Há uma corrente significativa de políticos do PMDB que não querem a sua candidatura e que defendem a aliança imediata com o prefeito Luciano Ducci que tenta a reeleição.

Seus adversários internos argumentam que Greca não tem chances mínimas de disputar o cargo e participará da campanha como mero coadjuvante, o que pode representar grandes prejuízos políticos para o partido. A começar pela chapa de vereadores. Dizem os deputados que discordam de Greca que ele afasta os candidatos mais competitivos, que não se animam a lutar com a legenda submetida a um candidato que aparece nas pesquisas com um índice de intenções de voto que não passa dos 10% e com uma rejeição que ultrapassa os 40%.

Greca responde que tem a seu favor o apoio do senador Roberto Requião e sua trupe. Para ele o suficiente para enfrentar o desafio e chegar ao segundo turno. Não sabe contra quem, mas tem convicção de que vai para a segunda rodada e aí, diz ele “a eleição é outra, em condições de igualdade de tempo de rádio e TV e de apoios”.

Para combatê-los, Greca cunhou um apodo para os desafetos quando estes emitiram nota contra a sua candidatura. — A nota é apócrifa. Talvez tenha caligrafia palaciana. O único personagem citado, “sujeito não oculto” Sérgio Ricci está conosco. Desmentiu pessoalmente a nota no Diretório Municipal do PMDB de Curitiba. Os “contra Greca” são um mero Bando dos 4 Vendilhões. E continuou a afirmar que seus inimigos são os mesmos 4 que não votaram no ex-governador Requião e no ex-prefeito Greca na convenção municipal de 17 de julho de 2011, vencida por 699 votos contra 4 nulos e 8 brancos, na presença do senador Requião, do deputado estadual Waldyr Pugliesi, presidente estadual do PMDB.

Greca invoca também o apoio dos dirigentes nacionais do PMDB. O vice-presidente da República, Michel Temer, senador Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB, e Eliseu Padilha, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, já declararam seu apoio a ele. Mas Greca é inteligente o suficiente para saber que quem decide na verdade é Requião, apenas o senador, que controla o rumo do diretório e submete os deputados à sua vontade.

Requião, assediado por Luciano Ducci, que quer porque quer o apoio do PMDB, seu tempo e sua estrutura, recebeu do cacique nativo a sugestão de que fale com o próprio Greca, uma maneira de dizer que não há chances de entendimento, pois Greca repete sem cessar que é candidato e não abre mão.

GRECA POR VARGAS LLOSA
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, quando passou por Curitiba, conheceu a cidade tendo Rafael Greca como anfitrião. Ficou encantado com as inovações dos Faróis do Saber, do sistema de transporte coletivo, da estação-tubo e especialmente da Ópera de Arame. Mais tarde escreveu uma crônica sobre Curitiba e Greca da qual se reproduz um trecho a seguir:

“Fue Rafael Greca de Macedo quien, emulado por los logros de su predecessor, se há lanzado a construir unas bibliotecas para niños em forma de empinados faros, multicolores Y vertiginosas (para quien sufre de mal de altura). Él me assegura que han sido diseñadas tomando como inspiración a la primeira biblioteca de Alejandria, y yo lo creo.

Por que no le creería, después de haber visto com mis próprios ojos que era cierto que Curitiba tiene uma Ópera construída no com marmól ni fierro ni concreto sino com alambre?”