O senador Roberto Requião afirmou nesta semana, no plenário do Senado, que a Rio+20 estará condenada ao fracasso caso não dissocie o modelo capitalista de predação e consumo, hoje vigente, das políticas de proteção ao meio ambiente.
Segundo ele, a tentativa de compatibilizar esse modelo econômico com a preservação do planeta Terra equivale a sonhar com um canibal vegetariano.
Para Requião, o modelo capitalista, que sobrevive da rápida substituição de bens, leva a um consumo insustentável de matérias-primas, energia e serviços.“Tudo é programado para finir, e rapidamente. Nos próximos dez anos, 70 milhões de novos automóveis estarão circulando nas ruas do Brasil. Hoje, as cidades do mundo, com dois por cento de ocupação territorial do planeta, consomem 75 por cento do que a Terra produz. Logo, ou mudamos ou perecemos”, disse o senador.
“O consumismo avança sobre a natureza”, alerta Requião. “A palavra-chave do discurso ambientalista é sustentabilidade. Todos falam em desenvolvimento sustentável. Mas, pergunto eu: como manter o equilíbrio do planeta, como alcançar a meta de sustentabilidade global com um modo de produção que é incompatível com o meio ambiente?”, questionou o senador Roberto Requião (PMDB/PR) em seu pronunciamento de rádio na última segunda-feira (18).
“Enquanto o consumismo capitalista dominar a economia, enquanto forem despejados todos os dias milhões de automóveis nas ruas das cidades do mundo, enquanto se produzirem eletrodomésticos descartáveis, enquanto o lucro sobre o lucro comandar a economia, o planeta Terra estará irremediavelmente sob perigo”, avaliou Requião.
Na opinião do senador, o capitalismo avança sobre a natureza. “Quantas plantas já desapareceram nos últimos 100 anos? Quantos animais foram extintos? Quantos insetos foram exterminados?”, perguntou o senador, dizendo que com este processo a humanidade pode ter perdido a cura de doenças e descobertas importantes.
“De nada adianta falar em sustentabilidade quando não tocamos nos fundamentos de um regime econômico, que é o oposto do conceito de sustentabilidade. O planeta Terra não suportaria mais um consumo igual ao dos Estados Unidos, da Europa e da China.
Mas o que todos os países parecem querer é se tornar uma superpotência de consumo igual a estes países”, afirmou.
Para Requião, a Rio +20 será um fracasso caso não conclua que há uma incompatibilidade entre sustentabilidade e o atual modo de produção.
“Chegará um momento em que a humanidade agirá em defesa da sua própria sobrevivência e o regime será mudado. Porque não sendo mudado, teremos o fim da presença do homem na Terra”, concluiu.