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Requião condena privataria do PSDB e campanha nazista de Osmar

Leia a entrevista que Requião deu ao repórter José Maschio, da Folha de S. Paulo.

Folha – O sr. foi envolvido na história do policial civil Rasera e grampos telefônicos [Délcio Augusto Rasera estava lotado na Casa Civil e foi preso sob acusação de chefiar quadrilha de arapongas]. Houve ainda o pedido da quebra de sigilo telefônico de jornalistas que noticiaram o caso. Como o sr. explica isso?
Requião –
Não tenho qualquer relação com o Rasera. Houve má-fé da "Gazeta do Povo" [jornal paranaense] nessa história. Os repórteres defendem o sigilo da fonte, mas é preciso chegar a essa fonte para se mostrar que houve armação. Não teve pedido de quebra de sigilo de jornalista. Eu não tinha como saber, em campanha, o que os advogados estavam fazendo. Mas essa história de me ligar a grampos é armação.

Folha – O sr. entrou na disputa do primeiro turno como virtual eleito, mas haverá segundo turno. O que houve de errado na campanha?
Requião –
Tínhamos só dois minutos e meio de TV. E teve uma campanha da RPC [Rede Paranaense de Comunicação, afiliada da Globo] e "Gazeta do Povo" [do mesmo grupo RPC] contra meu governo. Sem contar que todos batiam no candidato majoritário. Neste segundo turno tudo mudou e estamos firmes de volta à liderança.

Folha – O senador Osmar Dias [PDT] afirma que o sr. o procurou seis vezes para pedir que ele não fosse candidato. Isso é verdade?
Requião –
Não é verdade. Osmar estava doente e queria falar comigo. Fui até ele três vezes para conversar. Ele disse que queria ser candidato em 2010 e que me apoiaria agora com a condição de eu não apoiar seu irmão, Alvaro [Dias, reeleito senador pelo PSDB]. Mas até aí eu não sabia de sua megafazenda no Tocantins. Ele disse que tinha uma chácara lá. Ele não conseguiu explicar seu enriquecimento. Temos uma vida parecida, de classe média, e até cargos iguais. Então, como explicar duas fazendas no Paraná e essa megafazenda no Tocantins?

Folha – Sobre o modelo agropecuário, o sr. é contra os transgênicos e a favor do MST, e Osmar é favorável ao agronegócio exportador. O sr. concorda com essa tese?
Requião –
Eu não fui eleito pelas multinacionais. É bom frisar que o transgênico é permitido no Brasil. O que existe é uma visão geopolítica. Não podemos permitir que o Brasil seja uma reserva estratégica de ração para gado dos europeus. Se o Brasil só plantar transgênicos, perderá competitividade logística para os EUA. Precisamos ter essa visão da geopolítica mundial. As cooperativas possuem uma visão de curtíssimo prazo e não pensam estrategicamente. Já o MST é um movimento social, e não vou atacar movimentos sociais legítimos.

Folha – O sr. ficou em cima do muro no primeiro turno em relação à Presidência. Vai se decidir agora?
Requião –
Eu tive algumas decepções com o governo Lula. Acredito que até o próprio Lula teve. Neste segundo turno, o PT está comigo, e o PMDB do Paraná, com Lula. Meu vice [Orlando Pessutti, do PMDB] sobe no palanque do Lula. Já o Alckmin privatizou linhas de transmissão em São Paulo e não deixou a Copel participar do leilão porque era uma estatal. Vejo isso como uma continuação privatista do que foi o governo FHC. Vejo isso [privatizações] como conseqüência necessária do tipo de coligação que embala o Alckmin. Mas logo irei me definir e anunciar minha posição.

Folha – A campanha abalou sua amizade com Osmar Dias?
Requião –
Não dá para negar isso. Meu adversário faz uma campanha nazista, repetindo mil vezes um mentira. E tem a história do seu vice, o Donin. Uma chapa com o Donin como vice não é uma chapa, é formação de quadrilha. E quem diz formação de quadrilha não sou eu, é o Ministério Público.