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REQUIÃO ADMITE SER CANDIDATO À SUCESSÃO DE LULA

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), acaba de por mais lenha na fogueira que criou uma fissura na relação do PMDB com o PT do presidente Lula e da ministra e virtual candidata do partido Dilma Rousseff (Casa Civil). Em entrevista ao Blog do Noblat de O Globo, Requião admitiu pela primeira vez ser candidato à sucessão de Lula em 2010.

Ora, o presidente esperava contar com o apoio do PMDB a preferida para sua sucessão. Logo, o Encontro Nacional de Líderes do PMDB, que Requião comanda a partir das 10h deste sábado (21) em Curitiba, tem tudo para acabar em lançamento de candidatura própria do partido em 2010. Ou seja, tudo aquilo que o presidente nacional, deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) não quer. Confiram a íntegra da entrevista:

O Sr. vai se lançar à presidência da República no encontro do PMDB amanhã?

Minha intenção básica é que o PMDB tenha um programa de governo com o bom do governo Lula, mas estabelecendo um divisor de águas para esse período de prevalência do capital financeiro. Temos que defender o capital produtivo, ser contra a precarização do trabalho, contra o jogo de juros e defesa do grande capital. Não vai haver defesa do desenvolvimento agrícola e do trabalho com neoliberalismo, com o Brasil sendo comandado pelo Banco Central, que tem pessoas competentes para cuidar da moeda, mas incompetentes para todo o resto. Nos Estados Unidos e no Japão o juro é zero, com inflação. Aqui não. Aqui sacrificamos a moeda. Já há montadoras comprando peças no exterior. Vamos quebrar o setor, como fez Fernando Henrique ‘Lugo’ Cardoso, el padre del pueblo.

Mas vai se lançar?

Eu disputei duas convenções e perdi as duas. Proponho um programa de governo. E o partido que tome a decisão. Lançar um candidato próprio ou compor. Se for compor, compor em cima de um programa. Mas, se de repente, e não mais que de repente, eu tiver apoio do partido, eu aceito ser candidato. Mas não me iludo com esse apoio. Quero ao menos que um programa seja elaborado. Amanhã vão vir aqui [Curitiba] 15 diretórios. Já me iludi com o apoio antes. Se for convocado, irei disputar. Mas também não quero vender meus olhos azuis, que as vezes são verdes, quero vender um programa de governo. Me comprometo até a nomear o novo filho do FHC ministro da secretaria de Promoção da Igualdade Racial, soube que a mãe é uma negra linda. E quero ainda lembrar aquela besteira sobre homofobia, o [ministro do Meio Ambiente, Carlos] Minc dizendo que sou homofóbico. Vê lá seu eu tenho tempo para isso. Eu alertei para o uso do silicone e hormônios femininos, não tenho nada contra [os gays].

Se apoio à candidatura é ilusão, com quem está o PMDB?

Meu amigo Michel Temer [presidente do PMDB] jogou mal. Jantar sem o partido é só jantar. Como fecha um pré-acordo sem ninguém? Somos parte do governo hoje. Eu tenho pendências do governo [do Paraná] com o Itaú e o governo [Federal] sempre joga para desempatar a favor do banco. Por isso acho que ainda pode dar samba a candidatura. O PMDB, como uma Fênix, pode ressurgir das cinzas. Até porque o partido está sendo destruído. Nesses quase oito anos de governo ele não se reuniu uma vez. Não é que seja uma guerra contra o Temer, gosto muito dele, mas é uma questão de posição. Se o partido não tiver uma posição programática, melhor ainda com um candidato próprio, o PMDB vai virar um ‘PPSzinho’. No Congresso fala em negociação de emendas, por isso a ligação com o governo. E quem estava com FHC hoje está com Lula, como isso é possível? Se for para a convenção ganha a candidatura própria, se for pela cúpula vão com [a ministra] Dilma [Rousseff] pensando nas campanhas regionais. Mas se a Dilma não avançar, de repente abandona a Dilma também.

Isso é o que o Sr. vai defender no encontro do partido em Curitiba, amanhã?

Essa posição eu vou levar para o encontro. É uma tentativa do velho MDB de respirar. Que não nos falte oxigênio.