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Ratinho Junior quer Palácio do Planalto e inicia caminhada

Embora cause certo desconforto com os profissionais locais, o governador Ratinho Júnior (PSD), pela segunda vez, escolheu um secretário de fora do Paraná para comandar a comunicação estadual. Desta vez é o jornalista Cleber Mata, ex-secretário do governo tucano de São Paulo nos governos João Dória (ex-PSDB) e Rodrigo Garcia (PSDB) entre 2019 e 2022.

A escolha de Ratinho Junior pode indicar seu projeto político para 2026, uma exposição na imprensa nacional do circuito Rio-São Paulo-Brasília e o reforço no alcance, agora nacional, das redes sociais do governador. O currículo de Mata traz mais algumas pistas já que o jornalista criou o braço digital do governo paulista e coordenou os conteúdos da reeleição de Geraldo Alckmin (na época no PSD) e da campanha de Dória.

Não se sabe se Ratinho Junior está gostando ou não da sua comunicação, mas depois de trocar Hudson José por João Debiasi, atual secretário de Comunicação de Santa Catarina, e ter 69,64% dos votos na sua reeleição, o governador nunca escondeu seu desejo de ocupar o Palácio do Planalto.

OBSTÁCULOS A SEREM ENFRENTADOS

A tarefa de Cleber Mata será árdua e o governador pretende usar algumas das principais referências paranaenses – melhor educação, melhor qualidade de vida, quarto PIB do País – para se destacar nacionalmente na opinião pública.

No estado, Ratinho Junior já enfrenta reveses com a fonte seca na Itaipu – bancou R$ 1,6 bilhão em obras no oeste – com as concessões do pedágio (muito questionada oposição e o setor produtivo) e da Ferroeste, ainda considerada o terreno na lua; além da malfadada privatização da Copel e da construção da ponte de Guaratuba.

A oposição, diga-se PT, vai colocar obstáculos nas propostas do governador e espera reverter a modelagem do pedágio e a venda da Copel. O grupo de Ratinho Junior tentou, em vão, articular o nome do empresário Eduardo Sciarra (PSD) para a presidência da Itaipu Binacional. A indicação foi tratada como piada no PT e o governador ainda não conseguiu um tête-à-tête com o presidente Lula (PT) e falou apenas sobre a Ferroeste com o vice Geraldo Alckmin.

EM BUSCA DO ELEITOR BOLSONARISTA

No campo político, Ratinho Junior pretende herdar o eleitor bolsonarista, de centro, centro-direita, direita e extrema-direita, mas deve enfrentar os projetos dos governadores Romeu Zema (Novo-MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jorginho Mello (PL-SC). O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) pretende polarizar o eleitorado de centro, centro-direita e tucanos.

No outro lado do espectro político, há uma profusão de candidatos: a ministra Marina Silva (Rede), os ministros Fernando Haddad (PT), Flávio Dino (PSB), Camilo Santana (PT), Rui Costa (PT) Alexandre Padilha (PT), Wellington Dias (PT) e Alckmin (PSB), vice-presidente. O próprio Rui Costa chegou a afirmar que Lula (PT) pode concorrer a uma segunda reeleição, o que causou desconforto na Frente Ampla e nos partidos que comandam o atual governo.

Nesse campo, Ratinho Júnior sabe que será muito difícil ter qualquer conversa para buscar apoio político. Seu destino, além da projeção nacional que terá como principal cabo eleitoral, seu pai Ratinho Massa para chegar aos grotões e na periferia do país.

O trabalho do governador será reforçar sua imagem como bom gestor público e penetrar nas regiões de reduto petista como o Nordeste e o Norte. Mesmo assim, Ratinho Junior deve buscar o voto conservador com Zema, Tarcísio de Freitas, Jorginho Mello e Eduardo Leite. Isso só o tempo e a conjuntura de 2026 dirão.

Fonte: Paraná Portal / Foto: Jonathan Campos/AEN