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Rafael Greca tenta pavimentar com asfalto o caminho para a reeleição

Em 2012, Rafael Greca (DEM) voltou a disputar uma eleição depois de um tempo afastado da vida política. Filiado ao MDB ele se candidatou à prefeitura de Curitiba com o apoio de Roberto Requião, então senador. Com um partido que perdera espaço na capital e uma campanha sem muita estrutura, Greca obteve 10% dos votos. Ficou atrás de Gustavo Fruet (PDT), Ratinho Junior, então no PSC, e Luciano Ducci (PSB). O resultado, honestamente, não foi dos piores. As informações são de João Frey na Gazeta do Povo.

Olhando em retrospecto, o que parece ter dado alguma força à campanha de Greca foi sua afiada retórica – que teve ares de novidade para os eleitores mais novos e saudosismo para os mais velhos – e um punhado de asfalto que o então candidato retirou de uma pavimentação tão mal feita que ele partiu com a mão como quem parte um pedaço de pão. Esse vídeo improvisado virou a mais bem-sucedida peça de campanha em 2012.

Oito anos depois, após ter sido eleito em 2016, Rafael Greca disputa a reeleição à prefeitura de Curitiba exatamente com as mesmas armas: o discurso e o asfalto.

A história política da capital ajuda a entender porque esses dois pontos são tão importantes na campanha de Greca. Curitiba tem uma longa tradição de prefeitos de perfil mais gerencial. São gestores dedicados a obras, intervenções urbanas e monumentos: de Ivo Arzua a Luciano Ducci o perfil era similar, com mudanças nos mandatos de Requião e Maurício Fruet.

Em 2012, Gustavo Fruet entrou na disputa retomando o discurso do pai, uma postura democrático-participativa e atenta às obrigações sociais da gestão municipal. Como em toda campanha, apresenta-se uma proposta criticando a do adversário. Daí surge um conjunto de ideias que parece ter norteado a gestão de Fruet: governar não é só asfaltar; a cidade não pode continuar sendo maquiada tendo tantos problemas graves; e Curitiba precisa se dedicar sobretudo à educação.

Acontece que enquanto Fruet concentrava esforços em aumentar para 30% o orçamento da educação municipal, Curitiba foi assolada pela crise econômica brasileira de 2014. O cobertor, então, ficou curto e o prefeito decidiu puxá-lo para o lado social – deixando descobertas áreas em que a cidade estava acostumada com um volume maior de recursos.

Em 2016, nas eleições, Fruet apresentava com orgulho a nota da cidade no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica enquanto Greca apontava mato nas praças e buracos nas ruas. No debate sempre apressado das eleições, Greca triunfou. Quando assumiu a gestão, o atual prefeito da cidade sabia que não poderia falhar justamente nos pontos em que criticou seu adversário. As despesas do município mostram essa compreensão.”