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“Quem fere a legislação, as normas legais, por óbvio ele tem que se acertar com a Justiça”, diz Joice Hasselmann

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann, fala à imprensa no Palácio do Planalto.

 

Deputada campeã de votos na Câmara e líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann é uma das principais críticas ao vazamento de conversas de procuradores da força-tarefa da Lava Jato. A jornalista que apresenta-se como biógrafa do ex-juiz e ministro Sergio Moro também é cotada para a disputa da prefeitura de São Paulo pelo PSL.

Em entrevista à ÉPOCA, ela fala sobre sua atuação na sigla e sobre nomes importantes do partido, como Alexandre Frota e Carla Zambelli. Também não economiza nos elogios ao presidente Jair Bolsonaro. “Ele tem sido muito correto, honesto, e tem cumprido as promessas de campanha”, afirma.

A senhora tem sido ativa nas críticas às publicações do Intercept e chegou a insinuar a prisão do Glenn Greenwald depois que a Polícia Federal prendeu os “hackers de Araraquara”. Outros veículos e jornalistas agora têm trabalhado nessas reportagens da “Vaza Jato”. A senhora defende a prisão de Glenn? Defende punições aos outros também?

Eu não defendo a prisão de jornalista. Eu defendo a prisão de bandido. Quando qualquer cidadão, independente da profissão que tenha, fere a legislação, as normas legais, por óbvio ele tem que se acertar com a Justiça. Em relação ao Glenn, precisamos saber o que é legal e o que não é legal daquilo que ele tem em mãos. Pelo que foi publicado até agora, temos a situação semelhante a de alguém que compra um carro roubado sabendo que é roubado. Então nós temos aí um produto do crime nas mãos de alguém que se diz jornalista e esse produto do crime, que a gente nem sabe de fato o que é original, o que é montagem, está nas mãos e foi publicado pelo jornalista. Então as autoridades têm de investigar pra saber o que de fato é jornalismo e o que é uma associação com um bando criminoso.

A senhora tem pretensão de ocupar a executiva estadual do PSL? Ou talvez a municipal?

Eu não tenho a pretensão de ocupar a executiva estadual do PSL. Já conversei com o Luciano (Bivar, presidente nacional do partido) sobre ocupar a executiva municipal. Estou pensando se de fato me interessa tocar a executiva municipal, ser presidente do PSL no município de São Paulo. Mas ainda não há uma decisão em relação a isso. Estou amadurecendo. Por hora, não há nenhuma decisão.

O que a senhora acha acha da especulação em torno do nome de José Luiz Datena para disputar a Prefeitura de São Paulo pelo PSL?

Eu gosto pessoalmente do Datena. Acho-o um excelente profissional, já trabalhamos na mesma rede. Mas acho muito difícil descolar da imagem dele a imagem do PT, uma vez que ele foi filiado ao partido por mais de 20 anos. E eu creio que São Paulo precise de um nome, neste momento, totalmente alinhado com a direita. É uma direita que está nascendo, se construindo, tomando uma cara, uma identidade. A cidade de São Paulo precisa de alguém absolutamente liberal na economia e que seja conservadora nos costumes, e que possa seguir um alinhamento com o presidente da República.

Qual nota a senhora daria para o governo Bolsonaro?

Minha nota é 9, porque nós estamos ainda na fase de ajustes da equipe. Sempre há algo a melhorar. O presidente fez um grande feito, que foi quebrar essa engrenagem nefasta da esquerda que tomava conta do nosso País e que nos levou à bancarrota. Então, só por isso o nosso presidente já mereceria uma nota muito acima da média. Ele tem sido muito correto, honesto, tem cumprido as promessas de campanha dentro daquilo que ele consegue, dentro dos limites orçamentário, legal e político. O presidente está de parabéns.

Qual sua opinião sobre as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as causas da morte do presidente da OAB?

O presidente não deixa de ser um homem livre para se expressar. Neste país nós temos liberdade de expressão. Ainda que eu concorde ou discorde das declarações quaisquer que sejam, eu concordo com a liberdade de expressão.

A senhora é a favor da criação de garimpos em terras indígenas?

A gente tem que ter bastante cuidado em relação aos dois assuntos: terras indígenas e o garimpo. Primeiro porque as demarcações de terras indígenas acabaram virando uma pauta ideológica e uma esculhambação geral. Se você fizer a medição de qual é a quilometragem quadrada de terras brasileiras que estão reservadas para índios e fizer um comparativo com o tamanho do território brasileiro, é uma brincadeira. A gente tem que ver realmente quem é índio de verdade e tem direito àquela terra e quem usa dessa bandeira para colocar as mãos em terras absolutamente ricas. É óbvio que se houver uma atividade de garimpo que seja absolutamente controlada, dentro da legislação, cumprindo normas legais e cuidando do ambiente, eu nem vejo problema. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.

Eduardo Bolsonaro deve ser o embaixador em Washington?

O cargo de embaixador é de confiança do presidente da República. O presidente Jair Bolsonaro tem um grande carinho pelos Estados Unidos, por Israel. Isso é claro, notório e público. Ele quer indicar para a embaixada americana alguém de sua extrema confiança. E, nesse leque de pessoas que poderiam ser indicadas, não há ninguém neste momento, para o presidente, que represente tanta confiança quanto o seu filho. O cargo de embaixador é para que sejamos bem representados lá, e não vejo nenhum problema no filho do presidente representar o Brasil nos Estados Unidos.

A deputada Carla Zampelli (PSL-SP) protocolou um pedido de expulsão do deputado federal Alexandre Frota do partido. Ele deve ser expulso?

Eu sou contra a expulsão do Alexandre do PSL. Na vida política a gente precisa entender que há divergências em alguns pontos, em alguns momentos, mesmo dentro da mesma bandeira partidária. Divergências, eventuais críticas e desavenças não significam a formação ali de um tribunal simplesmente para que você possa calar o outro que está divergindo. Se há questões partidárias a serem discutidas, acho que têm que ser discutidas internamente. Não vejo qual foi o crime partidário que o Frota cometeu para que seja expulso do PSL. Aliás, acabou virando uma mania de um grupo pequeno do PSL de São Paulo de querer expulsar qualquer um que diga uma vírgula que não esteja absolutamente alinhada com esse mesmo grupo. Ele (Frota) tem ajudado bastante, com o jeito dele, como o nosso presidente também tem o seu jeitão. Ele foi um leão na questão da Previdência e não é justo nem correto expulsarem o Alexandre.

O ministro Dias Toffoli acertou ao tomar a decisão que acabou por suspender os casos que envolvem coleta de dados sem autorização judicial, inclusive aquele envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)?

A decisão do ministro Dias Toffoli foi um tanto quanto perigosa. Nós temos obviamente de ter todo o cuidado para que crimes não sejam cometidos, para que dados não sejam vazados ou roubados dentro de um processo de investigação, para que haja uma coleta de forma até política. Esse cuidado nós temos que tomar. Mas também temos que ter um cuidado para não dificultar o combate à corrupção, as investigações e para não criar mais burocracia para a punição contra aqueles que se envolvem em qualquer tipo de crime. Esse assunto é muito sensível. Não vejo problema em você ter uma autorização judicial para coletar dados desde que a Justiça funcione de uma maneira absolutamente célere. O que não dá é para criar uma burocracia aí no meio do caminho. O Supremo vai ter que se debruçar sobre esse tema com mais carinho, com mais afinco.

Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, deve continuar a ser investigado?

Acho que ele deve continuar sendo investigado até que se tenha uma conclusão completa do caso, para que nós saibamos todos os detalhes, se há ou não culpabilidade do Queiroz em relação a qualquer transação que tenha sido feita. E creio que o próprio senador Flávio Bolsonaro quer que a investigação seja concluída e o mais rápido possível, para que ele prove a sua inocência, como eu acredito, sim, que ele é inocente nesse processo.

Quem é o (a) melhor candidato (a) do PSL para a Prefeitura de SP em 2020?

Eu não vou me fazer de falsa modesta. Sou a melhor candidata do PSL para São Paulo em 2020. Sou a mulher mais votada da história da Câmara, fiz minha campanha na raça e tenho mostrado ao Brasil que sei trabalhar. Não tenho preguiça, sei arregaçar as mangas, sei ir para a briga, mas sei também construir. Falsa modéstia é coisa de gente falsa, e isso eu não sou.

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