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Que sirva de lição: imprensa não pode questionar juízes

Que sirva de lição: imprensa não pode questionar juízes

Absolutamente lamentável a conduta da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) em divulgar nota (reproduzida no site do Tribunal de Justiça) em que tripudia sobre decisão condenatória contra o jornal Folha de Londrina e a jornalista Ruth Bolognese, numa ação movida por uma juíza que se disse prejudicada por informações dadas pela colunista.

Numa coluna de Ruth, publicada em 2004 na Folha, sugeria-se que Letícia Pacheco Lustosa, filha do desembargador Leonardo Pacheco Lustosa, atual Corregedor-Geral da Justiça, teria sido beneficiada por conta do parentesco em um concurso para a magistratura. Ironicamente, a colunista dizia que surgia como atributo pessoal a “inteligência desembargadora”. Na nota em que comemora a condenação do jornal e da jornalista a pagamento de R$ 50 mil em danos morais à juíza, a associação diz que a sentença “serve como lição” e fala, sem citar exemplos, de menções na imprensa a suposto benefício em concursos públicos a parentes de desembargadores.

Serve como lição? O que estão a sugerir: que a fiscalização das instituições e da conduta dos agentes públicos é para outras esferas de poder, não para o Judiciário? Ou que os jornalistas têm de apresentar provas exaustivas em tudo o que alegam? Ou que devam parar com textos irônicos ou de estilo próprio? Ou que abram mão da prerrogativa constitucional do sigilo da fonte? Seja qual for a intenção da Amapar ou ainda o mérito da ação movida pela juíza, a divulgação da nota foi lamentável.

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