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PRTB oferece apoio de Mourão em troca de espaço nas eleições municipais

Sem acesso ao fundo partidário ou tempo de televisão, o PRTB trata o vice-presidente Hamilton Mourão como seu principal trunfo para as eleições municipais deste ano. Filiado ao partido, Mourão é considerado cabo eleitoral em estados como Rio, São Paulo e Pernambuco, além de ser moeda de troca para alianças partidárias. O partido do vice-presidente pretende ainda ocupar um eventual vácuo de representação do governo federal nas disputas municipais depois que o presidente Jair Bolsonaro anunciou que não participará do primeiro turno das eleições. O PRTB entrou, por exemplo, na briga por espaço na chapa do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos). As informações são Bernardo Mello n’O Globo.

Em busca de uma aliança com Bolsonaro, Crivella teve conversas informais com o PRTB, que acenou com o apoio de Mourão caso emplaque um nome da sigla como vice-prefeito. A informação foi divulgada na coluna de Berenice Seara, no Extra. O partido também se diz disposto a apoiar outros nomes vistos como de “centro-direita”, inclusive uma candidatura com aval do governador Wilson Witzel (PSC), rompido com Bolsonaro.

Embora tenha feito acenos recentes a Crivella, Bolsonaro disse na última sexta-feira que não pretende participar de qualquer campanha a prefeito sem a homologação do partido Aliança pelo Brasil, o que não ocorrerá a tempo das eleições municipais.

Gravações de apoio
Segundo o ex-vereador Jimmy Pereira, presidente do diretório do PRTB no Rio, Mourão se colocou à disposição para participar de campanhas municipais, inclusive gravando mensagens de apoio, nos casos em que o partido tenha ao menos uma indicação como vice na chapa. Procurado pelo GLOBO, o gabinete de Mourão não se manifestou.

— Diante dessa declaração do Bolsonaro, o Mourão representa hoje a possibilidade de apoio vindo do governo federal. Tenho boa relação com o Crivella. Seria uma candidatura natural para o PRTB apoiar — afirmou Pereira.

Pré-candidato a vereador, Pereira diz que poderia abrir mão da disputa pela Câmara Municipal e reeditar a parceria de 2008, quando concorreu como vice de Crivella na eleição vencida por Eduardo Paes (DEM). Outra opção, de olho no alinhamento com Mourão, é buscar entre os filiados ao PRTB um nome com carreira militar para apoiar o prefeito. Apesar da proximidade com Crivella, Pereira mantém portas abertas para um apoio ao próprio Paes ou a uma candidatura do PSC, de Witzel, que planeja lançar a juíza Glória Heloíza.

— É possível apoiar qualquer nome no campo da centro-direita. O PSC é um partido como os outros. Teria que haver uma construção. Não vamos acenar com o apoio do Mourão a uma candidatura que não seja viável.

O PRTB tem sido procurado para ser “barriga de aluguel” de bolsonaristas que desejavam concorrer pelo Aliança. O presidente nacional da sigla e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Levy Fidelix, declarou que estava de portas abertas para correligionários de Bolsonaro. Mas o partido, incentivado pelo “fator Mourão”, tem trabalhado nacionalmente por candidaturas próprias. Em Recife, o deputado estadual e pré-candidato à prefeitura Marco Aurélio “Meu Amigo” afirmou que as eleições municipais são um passo importante de olho em 2022, quando o PRTB tentará vencer novamente a cláusula de barreira — condição para reaver as verbas do fundo partidário, que chegaram a R$ 4,5 milhões para o partido em 2018. Na capital pernambucana, Marco Aurélio diz que tenta o apoio de outras legendas:

— O general Mourão é a estrela do partido. Queremos fortalecer o PRTB, dispensamos pessoas que não tenham compromisso com a legenda.

No Rio, Jimmy Pereira afirma que a decisão de abrigar membros do Aliança se dará “caso a caso, dando preferência a quem tenha um projeto com o PRTB”.

Aliados de Crivella, por outro lado, chegaram a sondar a deputada estadual Alana Passos (PSL), próxima à família Bolsonaro, para se filiar ao Republicanos e concorrer como vice na chapa do prefeito. Para se desligar do PSL sem perder o mandato, Alana teria de ser expulsa pelo partido até o início de abril. A legenda de Crivella também se colocou à disposição para lançar outras candidaturas de bolsonaristas que não têm o apoio da direção do PSL, como o deputado federal Carlos Jordy e o deputado estadual Dr. Serginho, que têm planos de concorrer em Niterói e Cabo Frio.