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Prisão do presidente da Odebrecht pode elucidar origem do R$ 1 milhão entregue por doleiro a Gleisi

Prisão do presidente da Odebrecht pode elucidar origem do R$ 1 milhão entregue por doleiro a Gleisi

Ucho Haddad

Olho do furacão – A prisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, é uma notícia assustadora para a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que afunda cada vez mais no mar de lama que banha o Petrolão, investigado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. A Odebrecht é considerada a provável fonte do R$ 1 milhão que teria sido repassado à senadora petista pelo doleiro Alberto Youssef, por ordem do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O dinheiro foi solicitado pelo marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, atualmente vivendo um momento de explícito ostracismo político por conta do escândalo de corrupção.

A prisão de Odebrecht, ocorrida na manhã desta sexta-feira (19) no rastro da Operação Erga Omens, décima quarta etapa da Lava-Jato, assim como a do executivo “operacional” Márcio Faria, pode fornecer todos os elementos que faltam para o caso de corrupção, o mais escandaloso da história brasileira.

Marcelo Odebrecht já havia prestado depoimento à Polícia Federal em Brasília, em 18 de maio, ocasião em que falou sobre Gleisi Hoffmann. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, solicitou que o executivo fosse ouvido como parte do inquérito que apura se a senadora paranaense foi uma das beneficiárias do esquema desmontado pela Lava-Jato.

A intenção dos investigadores era esclarecer se doações recebidas na campanha da petista, em 2010, são oriundas de recursos desviados da Petrobras por meio de contratos superfaturados. O ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, afirmou em delação premiada ter repassado R$ 1 milhão a um “emissário” da campanha da senadora. Gleisi nega as acusações, mas nos bastidores seu nervosismo contradiz as afirmações.

A solicitação do depoimento de Marcelo Odebrecht e de outros executivos de empreiteiras investigadas foi realizada após a própria senadora ter sido ouvida pela Polícia Federal. Na ocasião, Gleisi disse que contatou diretamente com alguns dos empreiteiros para requisitar doações para a campanha e disse ter conversado sobre o tema com o presidente da Odebrecht.

O executivo relatou no depoimento que empresas controladas pela Odebrecht fizeram doações na eleição de 2010 “a vários partidos, incluindo o Partido dos Trabalhadores”, de acordo com nota divulgada pela empresa. O executivo colocou-se à disposição das autoridades para outros eventuais esclarecimentos.

Além do presidente da Odebrecht, o Supremo Tribunal Federal (STF) já autorizou a inquirição do petista Ronaldo Balthazar, tesoureiro da campanha de Gleisi; José Agusto Zaniratti (coordenador da campanha); Ricardo Pessôa (dono da UTC); João Auler (presidente do Conselho da Camargo Corrêa); e José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, da OAS, além “de Rafael Angulo, “mensageiro” do doleiro Alberto Youssef.

Nesta sexta-feira (19) também foram presos, em São Paulo, outros dois executivos da construtora, entre eles Márcio Faria, que já havia sido citado por delatores da Lava-Jato como envolvido no esquema de corrupção na Petrobras. O Ministério Público Federal também aponta Faria como um dos líderes do cartel, ao lado do dono da UTC, Ricardo Pessôa.

Faria já tinha sido alvo de busca e apreensão durante a sétima fase da Operação Lava-Jato, em novembro do ano passado. Ainda estão em andamento medidas de busca e apreensão na empreiteira e nas casas dos executivos. A prisão de Márcio Faria é, na opinião do UCHO.INFO, é o problema maior para Marcelo Odebrecht, pois não demorará muito tempo para o executivo aderir à delação premiada.

O nome do executivo também foi citado no depoimento de Paulo Roberto Costa à Justiça, ocasião em que o ex-diretor da Petrobras reconheceu ter recebido dinheiro da Odebrecht.

Os procuradores, porém, não detalham no documento a participação de Faria e de Marcelo Odebrecht no esquema criminoso, nem da empreiteira, afirmando que o caso do cartel está sendo investigado em outra ação.