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POLÍCIA INVESTIGA MONTAGEM DE DOSSIÊ CRIMINOSO CONTRA GLEISI

Polícia investiga montagem de dossiê criminoso contra Gleisi

A delegada Vanessa Alice, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil do Paraná, comanda o inquérito policial que investiga a montagem de um dossiê criminoso contra a candidata à Prefeitura de Curitiba Gleisi Hoffmann, da coligação Curitiba Para Todos (PT-PSC-PRB-PHS-PMN-PTC). O inquérito foi instaurado no dia 7 de dezembro do ano passado, dois dias depois que Gleisi e o marido, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ingressarem com uma notícia crime contra os fotógrafos Maurílio Chelli e Orlando Kissner, funcionários da Prefeitura Municipal de Curitiba.
 
A pedido de Kissner, Chelli fotografou Gleisi no dia 19 de outubro do ano passado, no Hotel Four Points Sheraton, em sua chegada para participação no 1º. Seminário de Segurança Pública da Região Metropolitana de Curitiba, promovido pelo Instituto Direito e Democracia, com o apoio da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec). Por insistência do repórter fotográfico, que se identificou como da Agência Estado, Gleisi posou para fotos junto ao carro que ela mesmo dirigia, um Renault Scenic de placas ALK 6084.
 
As fotos tiradas por Chelli foram usadas em um dossiê criminoso encaminhado à Agência Folha, em Brasília (DF). Segundo o falso dossiê, o carro usado por Gleisi não seria de sua propriedade, mas de um colaborador de campanha de Gleisi e Bernardo. A falsa informação foi encaminhada ao jornalista Valdo Cruz. Em seu depoimento à polícia, Cruz contou que recebeu a ligação de uma fonte, cuja identidade foi preservada, oferecendo denúncia contra o ministro Paulo Bernardo. Quando recebeu o material, incluindo o CD com as fotos tiradas por Chelli, o jornalista procurou o ministro, que apresentou todas as provas de que comprou o automóvel usado pela mulher. Cruz informou, ainda, que não levou a matéria adiante em razão do material não apresentar indícios de irregularidades.
 
Chelli e Kissner prestaram depoimento no Cope na quinta-feira da semana passada, dia 31 de julho, acompanhados do advogado André Luiz Souza Vale. Chelli fez uso do direito constitucional de não responder ao interrogatório. Em seu interrogatório, Kissner informou que foi convidado a participar de um evento sobre segurança na condição de fotógrafo free-lancer. Mas, como teve que acompanhar uma corrida de Fórmula I em São Paulo no dia do evento (19 de outubro), disse ter avisado a Chelli que este poderia cobrir o seminário sobre segurança, se quisesse. Kissner não informou quem o convidou para o seminário, nem a pedido de quem faria as fotos.
 
Na realidade, no início do ano passado, Kissner procurou a Assessoria de Imprensa de Gleisi, como fotógrafo da Agência Estado, pedindo agenda para fotografar a então pré-candidata à Prefeitura de Curitiba. Informou que precisava ser uma agenda pública e disse, ainda, que estava fotografando todos os pré-candidatos ao cargo, a pedido da Agência Estado, para a qual prestava serviços. No dia 10 de outubro do ano passado, Kissner recebeu por e-mail a programação do seminário de segurança. No dia do evento, Chelli abordou Gleisi em sua chegada ao hotel, identificando-se como fotógrafo da Agência Estado. Em conversa telefônica gravada, após a descoberta do dossiê, Chelli informou à Assessoria de Imprensa de Gleisi que produziu as fotos a pedido de Kissner.
 
No inquérito, o jornalista João Bosco Rabello, diretor da Agência Estado em Brasília (DF), informou que não conhecer o fotógrafo Maurílio Chelli e disse, após verificar com a matriz da Agência, em São Paulo, que não há qualquer registro de pedido de foto de Gleisi, conforme justificado por Kissner à Assessoria de Imprensa da candidata. Em razão dos fatos, Kissner foi dispensado pela Agência Estado como correspondente fotográfico em Curitiba.
 
Após ser procurado pela reportagem da Agência Folha para dar explicações sobre o falso dossiê, que também continha a relação completa de multas do veículo, o ministro Paulo Bernardo ligou pessoalmente para o prefeito de Curitiba, Beto Richa, pedindo explicações para o fato, por envolver dois funcionários da Secretaria Municipal de Comunicação. O prefeito retornou a ligação do ministro repassando a garantia dada pelo secretário Deonilson Roldo de que a Secretaria não tinha qualquer relação com o episódio. Bernardo decidiu ingressar com uma ação indenizatória por danos morais contra os dois fotógrafos da Prefeitura.
 
A delegada Vanessa Alice deve concluir o inquérito nos próximos dias e encaminhar toda a documentação para o Ministério Público. Além de crime de ameaça e montagem de dossiê criminoso, os acusados podem responder por crime de quebra de sigilo funcional, pois violaram e divulgaram informações de multas de um veículo, às quais somente o proprietário tem acesso.