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PMDB: QUÉRCIA COGITA IR À JUSTIÇA CONTRA CONVENÇÃO

Por Josias de Souza, da Folha de S. Paulo:

Pode terminar na Justiça a decisão da cúpula do PMDB de antecipar em um mês a convenção que reelegerá Michel Temer à presidência da legenda. Em articulação subterrânea, Orestes Quércia ergue barricadas contra a realização do encontro. Cogita recorrer ao Judiciário.

O mandato de Temer expira em 10 de março. Decidiu-se reconduzi-lo ao posto antes disso, em 6 de fevereiro. Implicitamente, Temer tonifica-se como principal alternativa à vaga de vice de Dilma Rousseff. Algo que o deputado diz não estar em questão no momento. O agendamento da convenção foi decidido na última quarta (20), num jantar que reuniu em Brasília os principais caciques do PMDB pró-Dilma.

Expoente do PMDB pró-Serra, Quércia abespinhou-se. Pendurado ao telefone, arrebanha aliados. Já conversou com três personagens. Dois são, como ele, pemedebês aliados do tucano José Serra: o senador Jarbas Vasconcelos (PE) e o governador Luiz Henrique (SC).

O outro é o governador Roberto Requião (PR), que tenta, até agora em vão, viabilizar-se como candidato do PMDB ao Planalto. Quécia informou ao interlocutores que encomendaria uma análise jurídica. Quer assegurar-se de que há espaço para contestar a convenção na Justiça.

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PMDB: QUÉRCIA COGITA IR À JUSTIÇA CONTRA CONVENÇÃO

PMDB: QUÉRCIA COGITA IR À JUSTIÇA CONTRA CONVENÇÃO

Por Josias de Souza, da Folha de S. Paulo:

Pode terminar na Justiça a decisão da cúpula do PMDB de antecipar em um mês a convenção que reelegerá Michel Temer à presidência da legenda. Em articulação subterrânea, Orestes Quércia ergue barricadas contra a realização do encontro. Cogita recorrer ao Judiciário.

O mandato de Temer expira em 10 de março. Decidiu-se reconduzi-lo ao posto antes disso, em 6 de fevereiro. Implicitamente, Temer tonifica-se como principal alternativa à vaga de vice de Dilma Rousseff. Algo que o deputado diz não estar em questão no momento. O agendamento da convenção foi decidido na última quarta (20), num jantar que reuniu em Brasília os principais caciques do PMDB pró-Dilma.

Expoente do PMDB pró-Serra, Quércia abespinhou-se. Pendurado ao telefone, arrebanha aliados. Já conversou com três personagens. Dois são, como ele, pemedebês aliados do tucano José Serra: o senador Jarbas Vasconcelos (PE) e o governador Luiz Henrique (SC).

O outro é o governador Roberto Requião (PR), que tenta, até agora em vão, viabilizar-se como candidato do PMDB ao Planalto. Quécia informou ao interlocutores que encomendaria uma análise jurídica. Quer assegurar-se de que há espaço para contestar a convenção na Justiça.

Enxerga no abreviamento da convenção uma manobra para fortalecer o grupo pró-Dilma, em detrimento dos que se opõem ao acordo esboçado em torno dela. Semeou em solo fértil. Encontrou, por exemplo, um Jarbas Vasconcelos irritado. O recesso do Congresso termina em 2 de fevereiro.

Dali a quatro dias, num sábado, ocorrerá a convenção. Tudo a toque de caixa, diz Jarbas, sem maiores discussões. Um rolo compressor. Embora reúna políticos de expressão, a dissidência do PMDB é, hoje, francamente minoritária. É improvável que consiga produzir algo além de barulho.

O senador Pedro Simon (RS), outro dissidente, anuncia a intenção de aproveitar a convenção para puxar um debate sobre a candidatura presidencial própria. Vai empinar no encontro o nome de Requião, já formalmente apresentado ao partido como candidato à sucessão de Lula.

Ouça-se Simon: “O maior partido do país, com tantos serviços prestados ao povo brasileiro…” “Não pode se deixar amesquinhar por um grupo que serve apenas aos seus projetos e interesses pessoais”. Além do posto de presidente, reacomodado no colo de Temer, a convenção de 6 de fevereiro vai deliberar sobre os cargos da Executiva e do diretório nacional.

Presidente do diretório do PMDB de São Paulo, Quércia é também membro da Executiva nacional. Seu cargo é um dos que vão ao pano verde. Afora as ligações para Jarbas, Luiz Henrique e Requião, Quércia tocou o telefone para Michel Temer. Alcançou-o na manhã desta sexta (22).

Informou a Temer acerca de sua contrariedade com a antecipação da convenção. Ouviu do interlocutor uma explicação minuciosa. No relato a Quércia, Temer retirou da providência a pecha de manobra. Disse que, inicialmente, imaginara-se fazer a convenção em 27 de fevereiro, um sábado.

Ouviram-se ponderações sobre a inconveniência da data. O Carnaval termina no dia 16. Em alguns Estados o samba costuma prolongar-se. Concluiu-se que seria difícil arrastar os convencionais a Brasília. Pensou-se no dia 13. Dá no sábado de Carnaval. Daí a escolha do dia 6, o sábado pré-carnavalesco.

Temer foi além: disse que, havendo o desejo de Quércia de manter-se na Executiva nacional, zelaria para que lhe fosse assegurada uma vaga. Conversaram sobre a presença no encontro do dia 6 dos convencionais de São Paulo. No total, são 20 –11 indicados por Quércia; nove indicações de Temer.

Temer depreendeu da conversa que Quércia não causaria entraves à participação dos delegados paulistas com assento na convenção. Quércia deu ciência a Temer dos contatos que mantém com a turma dos descontentes. “Preciso fazer o que é melhor pra mim”, disse ele.

Omitiu, porém, a idéia de converter a convenção numa encrenca judicial. Temer só tomaria conhecimento da cogitação mais tarde, por terceiros. O deputado deu de ombros. Sustenta que o mandato da atual direção do PMDB expira em 10 de março. A renovação é um imperativo.

De resto, afirma que não há óbices legais à antecipação da data. A convenção, diz Temer, pode realizar-se “até” 10 de março, em qualquer data. Temer chega mesmo a desqualificar o vocábulo “antecipação”. Por quê? Não se poderia antecipar algo que ainda não havia ainda sido marcado, ele diz.