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Plantinha tenra

A democracia, dizia o falecido Otávio Mangabeira, é uma plantinha tenra. Resta saber que espécie de plantinha.

 

Houve tempo em que os políticos nativos perdiam-se, atraídos pelo encanto das grandes fórmulas jurídicas. Hoje, a moda são os modelitos de meia confecção, como essa receita neoliberal com pitadas generosas de assistência social em que o país se meteu e parece não conseguir superar.

 

Mas as eleições deste ano tiveram um ingrediente novo. Há muito não se viam candidaturas e forças políticas com a coragem de se definir ideologicamente. Ora, pois, agora todos sabem quem é quem e o que pretende.

 

Não há mais como confundir Lula com Alckmin ou a rapaziada do PFL, que não esconde suas posições. Nem há como misturar Requião com Osmar Dias e Alvaro Dias e Rubens Bueno e Flávio Arns. Um dia, todos estiveram no mesmo saco, o MDB e, depois, o PMDB.

 

Agora, cada qual na sua. Caminhamos pra uma época de definições mais claras. Direita é direita, esquerda é esquerda. Social-democrata é social-democrata, liberal é liberal. E vai ficando estreito o espaço pra aquela turma que gosta de se esconder nos matizes do centro pra poder negociar com todos ao mesmo tempo e disso tirar proveito.

 

Outra consideração: eleição, quanto mais melhor. É a única maneira de exercitar a nossa democracia, ainda plantinha tenra, mas que se mostra suficientemente forte para suportar as ameaças golpistas.

 

Velas enfunadas por esses exaltantes ventos de largo, o Paraná civiliza-se, ainda que não sem algum susto. Mas devemos admitir que nesta área do planeta já não há espaço apenas pros criadores de bicho-papão, que confiam no medo do povo e na avidez dos abastados. Fábio Campana, na Tribuna do Paraná