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Pedalada na Itaipu promove a conscientização sobre a prevenção ao suicídio

Cerca de duzentas pessoas acordaram cedo neste domingo (15) para ajudar a mostrar, na usina de Itaipu, que o esporte pode ser um instrumento de alerta e precaução para um problema sério e silencioso, de abrangência global: o suicídio. Elas participaram do 1º Pedal Viver e Sorrir – passeio ciclístico promovido pelo Núcleo de Apoio à Vida de Foz do Iguaçu (Navifoz), em parceria com a Cia do Riso, como parte da campanha Setembro Amarelo na cidade.

A iniciativa teve como objetivo principal divulgar mensagens de conscientização e ajuda e, também, a adoção de práticas rotineiras de hábitos saudáveis – pedalar, por exemplo – como antídotos naturais contra as causas do ato de tirar a própria vida.

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Entusiasta da causa, o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, não apenas apoiou a iniciativa permitindo a realização do evento dentro da hidrelétrica como também vestiu a camisa da ação e pedalou oito quilômetros de percurso de ida e volta entre a Barreira de Controle e o Mirante Central da usina.

“Proponho que cada um aqui assuma o compromisso de trazer pelo menos mais uma pessoa para participar da próxima edição, daqui a um ano, fazendo com essa iniciativa seja cada vez mais conhecida e as causas do suicídio, mais enfrentadas”, disse o general. “Ações como essa são importantes principalmente como forma de prevenir a depressão, o isolamento e a solidão, trocando isso tudo por companheirismo, endorfina, motivação e alegria de viver”, afirmou.

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Pedal

A jornada sobre rodas foi idealizada por Cristiane Fraga Pimenta e Daniela Rosa Mendes, que trabalham na Itaipu e são voluntárias do Centro de Valorização à Vida (CVV), a entidade promotora do Setembro Amarelo – uma campanha brasileira de conscientização sobre a prevenção do suicídio, criada em 2015. A proposta foi associar a cor (que remete à atenção) ao mês do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, lembrado em 10 de setembro.

“Por causa do Setembro Amarelo, pensamos em algo que fosse ao mesmo tempo atrativo e que pudesse provocar a abordagem da prevenção ao suicídio”, lembrou Daniela. “Assim surgiu a ideia de uma pedalada, que tem a ver com saúde, bem-estar e o cuidado consigo mesmo, pois atividades físicas e de lazer ajudam a trazer equilíbrio.”

Uma dose de sorte ajudou a concretizar o plano. Há alguns meses, numa manhã de domingo, as duas estavam na Avenida Paraná difundindo o trabalho do CVV quando encontraram o general, que fazia uma caminhada por lá. Foi quando se apresentaram e falaram sobre a intenção de promover um passeio ciclístico na usina. “Aceitei imediatamente”, disse Silva e Luna.

Na semana que antecedeu o passeio, as duas assinaram em conjunto uma carta enviada ao general. Nas linhas cuidadosamente escritas à mão, agradeceram a atenção dada ao movimento e o convidaram a vestir a camiseta enviada junto um kit de participação, anexado à carta. “Não sabíamos se ele viria, mas hoje ficamos muito felizes e honradas pela presença dele”, ressaltou Cristiane.

Em família

Ciclistas experientes e novatos se misturaram no 1º Pedal Viver e Sorrir. Muitos aproveitaram o domingo de sol e foram em família. “Compramos as bicicletas nesta semana e começamos a pedalar juntos só agora”, disse Jéssica Machado. Ao seu lado estavam o marido, Cristian Stanhaus, o filho Caio, de apenas três anos, e o padastro, Valentin de Araújo – o mais traquejado do grupo.

Convidada a participar do passeio por uma amiga que atua na Cia do Riso, Jéssica destacou uma das virtudes do evento: tornar o trabalho do CVV mais conhecido. “Fiquei sabendo agora e estou muito impressionada pela importância dessa ação voluntária que pode salvar vidas.”

O problema

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 32 brasileiros se suicidam diariamente, em média, atualmente. No mundo, aproximadamente 1 milhão de pessoas se matam a cada ano. Os números reais, no entanto, devem ser muito maiores, pois a subnotificação é reconhecida. Além disso, especialistas estimam que o total de tentativas supera o de suicídios em pelo menos dez vezes.

Ainda segundo a OMS, nove em cada dez mortes por suicídio poderiam ser evitadas, desde que haja ajuda e atenção. De acordo com especialistas, educar é o primeiro caminho para perder o medo de se falar sobre o assunto. Segundo as entidades promotoras do Setembro Amarelo, é preciso quebrar tabus e compartilhar informações, pois esclarecer, conscientizar e estimular o diálogo contribuem para tirar o assunto da invisibilidade e mudar essa realidade.

Saber reconhecer os sinais de alerta pode ser o primeiro e mais importante passo. Isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite e frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda.

Auxílio? Ligue 188

Uma das ONGs mais antigas do país, o CVV foi fundado em São Paulo em 1962 e atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, chat 24 horas, e-mail e até mesmo pessoalmente. Mais informações no site www.cvv.org.br.

Hoje, cerca de 3 mil voluntários, em mais de 110 postos, prestam serviço voluntário e gratuito 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, aos que querem e precisam conversar sobre seus sentimentos, dores e descobertas, dificuldades e alegrias. De forma sigilosa e sem julgamentos, o voluntário do CVV ouve com profundo respeito, aceitação, confiança e compreensão.

Após a implantação do telefone 188, por meio de acordo com o Ministério da Saúde, que garantiu gratuidade da tarifação telefônica, a entidade registra cerca de 3 milhões de atendimentos por ano.

Todas as formas de acesso podem ser conferidas no site www.cvv.org.br. Lá também é possível se informar sobre o Posto CVV mais próximo e como se tornar voluntário.

Em Foz

O Navifoz é a instituição mantenedora do posto do CVV em Foz do Iguaçu. Foi inaugurado em outubro do ano passado e conta com 26 voluntários. Fica no Complexo Bordin, na Av. Juscelino Kubitscheck, 3.287, e funciona das 19h às 23h, pelo telefone 188. Mais informações podem ser obtidas com as voluntárias Daniele (45-98803-9759) e Cristiane Pimenta (45-99102-0126), inclusive por Whatsapp.