A entrevista concedida pelo vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins (PL), ao XV Cast, podcast do portal XV Curitiba, lançou luz sobre os bastidores da eleição municipal de 2024 – e revelou bastidores ainda não contados entre as lideranças do bolsonarismo no Paraná. Segundo Martins, ele foi preterido por Jair Bolsonaro, que teria optado por apoiar Cristina Graeml.
“Não foi legal”, resumiu o vice-prefeito ao comentar o apoio de Bolsonaro a Graeml. Martins afirmou ter uma longa trajetória ao lado do ex-presidente e disse que esperava ser o nome natural da direita curitibana. “Eu entendo que ele queria um candidato próprio, e eu também queria ser. Mas o Bolsonaro não manda no PL, nem eu”, declarou. O apoio a Cristina teria sido fruto de um acordo político com o grupo do então prefeito Rafael Greca (PSD), sem sua participação direta.
O vice-prefeito contou ainda que, após ser deixado de fora da cabeça de chapa, foi pressionado a aceitar o posto de vice — numa tentativa de preservar a aliança entre PL e PSD, com aval de Bolsonaro e Ratinho Junior. Apesar de compor a chapa, Martins disse ter sido deixado em segundo plano ao longo da campanha, especialmente pela equipe ligada ao prefeito. “Me esconderam, com certeza”, afirmou. Segundo ele, havia resistência dentro do grupo às suas pautas e à sua visibilidade.
Martins afirmou que só ganhou espaço no segundo turno, quando houve trocas na equipe e maior liberdade para defender bandeiras como austeridade, segurança e desenvolvimento econômico. Ainda assim, lamentou o “apagamento” de sua imagem: “Acho que esconder alguém com essa representatividade foi um erro”, disse, lembrando que já havia recebido quase 30% dos votos em uma eleição anterior.