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Paulo Bernardo e Gleisi são derrotados no PT de Curitiba

Do blog do Esmael Morais

O casal ministerial paranaense Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações) sofreu ontem, em Curitiba, a mais dura derrota política dentro do PT desde que chegou ao topo da República.

A advogada Miriam Gonçalves, da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), foi escolhida para a vice na chapa do pré-candidato a prefeito Gustavo Fruet, do PDT, a contragosto do casal ministerial.

A preferida de Bernardo e Gleisi para fazer companhia ao pedetista era a presidenta do PT na capital, ex-vereadora Roseli Isidoro, que foi derrotada por Miriam pelo placar de 113 a 100 votos.Coube à ministra-chefe da Casa Civil fazer o discurso de defesa de Isidoro. Em seu pronunciamento, Gleisi disse que “ainda não é a sua hora, Miriam”.
Pois bem, no voto a moça preterida provou que era, sim, sua hora. O jogo interno no PT é intricado e de difícil assimilação, por isso muitos do mundo político – por não fazerem parte desse universo de correntes partidárias – não perceberam a importância dessa derrota para o casal ministerial.

Vou tentar explicar isso, caro leitor.

A corrente CNB, que se diz majoritária e da qual Bernardo e Gleisi são os primeiros-sócios, foi ontem ao encontro municipal petista com a maioria absoluta dos credenciados. Tinha 155 crachás dos 168 possíveis (houve uma quebra de 13 delegados ou 8%).

Do outro lado estava a esquerda do partido com as tendências Democracia Socialista (DS), do deputado federal Dr. Rosinha, e o Militância Socialista (MS), do deputado estadual Tadeu Veneri.

A soma de delegados credenciados ao encontro desses dois grupos chegou a 82 dos 132 possíveis, portanto, DS e MS tiveram a incrível quebra de 50 delegados ou equivalente a quase 40%.

Ao todo, estavam habilitados para votar no encontro do PT 300 delegados. Entretanto, apenas 237 retiraram seus crachás. A quebra no evento foi de 23%.

A advogada Miriam, a escolhida para a vice de Fruet, também é da CNB, assim como o vereador Pedro Paulo, que igualmente postulava o cargo na majoritária.

Pressionado pelo casal ministerial, o parlamentar fez acordo e abriu mão em favor de Roseli. O diabo é que a base política de Pedro Paulo, segundo consta era a maioria dos delegados da CNB, não concordou com a sua retirada de cena.

Achou que Bernardo e Gleisi estavam sendo “autoritários, prepotentes, se achando deuses e donos do pedaço”. Consta que o vereador não conseguiu segurar os ‘insurgentes’ correligionários, que despejaram os votos a favor de Miriam em detrimento de Roseli.

Além de Bernardo e Gleisi, há outro perdedor nessa história: o deputado federal Ângelo Vanhoni, agora nacionalmente conhecido pela relatoria do Programa Nacional de Educação (PNE) na Câmara.

O parlamentar fora designado para apaziguar o partido antes do encontro, visando evitar o bate-chapa. Como se vê, não obteve êxito.

A semana será dedicada pelos derrotados no PT a lamber as feridas da guerra, mas, ao que tudo indica, no próximo sábado 23 de junho estarão todos juntos abraçados novamente durante a convenção de Fruet.

Se a escolha de Miriam Gonçalves vai impactar na campanha de Gustavo Fruet? Essa já é outra história, que vou contar mais adiante.
Resumo da ópera: A militância petista deu ontem um recado a Gleisi e Bernardo: “Aqui não tem coronel e não aceitamos imposição!”.