Arquivos

Categorias

Paraná foi campo aberto dos erros do Ibope, diz Picler

Em artigo publicado nesta sexta-feira, 23, no Jornal do Estado, o vice-presidente do PDT de Curitiba, Wilson Picler, escreve que “o Paraná foi campo aberto dos erros do Ibope” nas últimas eleições. “Na disputa em Curitiba, nós da coligação do Gustavo Fruet, também sofremos com os erros do Ibope”, escreve.

“Tínhamos pesquisas internas, algumas registradas no TSE e questionadas na Justiça Eleitoral, que desde o início da campanha mostravam um quadro diferente dos levantamentos do instituto. Em certo momento da campanha, a indução do resultado do Ibope baixou o astral de parte da militância, refluiu parte dos apoiadores e nos deixou deveras apreensivos”, completa. Veja a seguir a íntegra da entrevista.


Ainda sobre as pesquisas

Wilson Picler

Mesmo guardando certa cautela, temos duas boas notícias pós-eleição, além da vitória, é claro, de Gustavo Fruet à prefeitura de Curitiba. As duas tratam do mesmo assunto que nos tirou o sono com seus erros clamorosos: as pesquisas de intenção de voto e a influência no resultado das eleições. A Assembleia Legislativa instalou a CPI das Pesquisas. E na Câmara dos Deputados, o líder do PDT, André Figueiredo (CE), reuniu as assinaturas necessárias e protocolou um pedido de CPI para investigar os erros das pesquisas eleitorais.

O Paraná, em especial Curitiba e Foz do Iguaçu, foi o campo aberto dos erros do Ibope. O deputado Reni Pereira (PSB), prefeito eleito de Foz do Iguaçu, está ainda impactado pelo desproporcional resultado do Ibope. Na véspera da eleição, o instituto divulgou a consulta que apontava o adversário do deputado com sete pontos de vantagens. Apuradas as urnas, a vitória Reni Pereira foi de nove pontos de diferença. O Ibope errou em 16 pontos. “A pesquisa direciona voto, influência o eleitor, principalmente os indecisos”, sustenta o deputado autor do pedido e membro da CPI no Paraná.

Na disputa em Curitiba, nós da coligação do Gustavo Fruet, também sofremos com os erros do Ibope. Tínhamos pesquisas internas, algumas registradas no TSE e questionadas na Justiça Eleitoral, que desde o início da campanha mostravam um quadro diferente dos levantamentos do instituto. Em certo momento da campanha, a indução do resultado do Ibope baixou o astral de parte da militância, refluiu parte dos apoiadores e nos deixou deveras apreensivos.

A apreensão seguiu-se até a boca de urna no primeiro turno onde Gustavo Fruet -conforme o Ibope – estava em terceiro lugar com 24% dos votos e, terminou com 27,23%, à frente do atual prefeito Luciano Ducci por 4.402 votos. Se os levantamentos do Ibope fossem mais críveis – foram divulgados à exaustão pelos nossos adversários -, tenho certeza que essa diferença pró-Gustavo Fruet seria bem maior.

Além do Paraná, houve erros nas pesquisas divulgadas às vésperas da votação no primeiro turno em 20 das 26 capitais. Os erros levaram ao pedido de CPI assinado por 225 deputados. Outras investigações estão em cursos na Paraíba, Piauí e Belém do Pará.

Apesar do Ibope admitir erro nos levantamentos em Curitiba, Salvador e Manaus, é muito importante uma investigação mais acurada. Eu sou físico experimental, homem de laboratório, fazia medições de alta precisão e interpretava gráficos. No campo das pesquisas, desde 2010, investi em um laboratório de pesquisas para os cursos da Uninter que firmou uma parceria com Instituto IRG.

Isso nos deu expertise. E nesta eleição, os institutos não se ativeram a um fenômeno típico que ocorre em qualquer processo de medição, que é a propagação do erro. Uma fonte básica de erro é a falta de precisão do instrumento. No caso de pesquisas eleitorais, além do tamanho da amostragem, outros fatores como o sorteio dos locais de coleta, forma das entrevistas, contribuíram para os resultados divergentes da realidade.

Há ainda que se considerar que alguns institutos se utilizam da indução a uma resposta, manipulando sutilmente, ou às vezes nem tanto, a forma de interrogar. O que fazer com erros cometidos remete a outras discussões que devem surgir no curso das CPIs. Certo mesmo é que pesquisa séria depende dos cuidados minuciosos em cada processo, porque sua precisão depende, diretamente, desta fidelidade. Pesquisa deve ser um instrumento de aferição da vontade do eleitor e não uma forma de corromper a intenção de voto.

Wilson Picler, físico e empresário, é vice-presidente do PDT de Curitiba