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Para além do menos pior

Na última sexta-feira, 6 de julho, o governo federal, através do Ministério do Planejamento (MPOG), deu orientação para que os ministérios cortassem o salário dos trabalhadores que se encontram em greve. Como se sabe, mais de 300 mil trabalhadores do serviço público federal estão paralisados num movimento que cresce a cada semana.

Mesmo com esse cenário, o governo tem se negado a apresentar uma proposta concreta em torno das reivindicações dos trabalhadores. Ao invés de negociar, propõe o corte de ponto, um claro ataque ao direito de greve dos trabalhadores.

Trecho de artigo de Bernardo Pilotto. A íntegra no “mais

Em 2010, há exatamente dois anos, muitos trabalhadores foram pressionados a votar em Dilma Roussef (PT) pra presidente da República como forma de evitar um “mal maior”, chamado José Serra (PSDB). Caso Serra ganhasse, haveria privatizações, criminalização dos movimentos sociais, não haveria negociações etc. No segundo turno, a pressão foi ainda maior.

Após um ano e meio, o atual governo implantou a EBSERH (empresa para gerir os hospitais universitários), privatizou aeroportos, não está negociando com os trabalhadores e agora ameaça com corte de ponto aos grevistas. Mas quem ganhou? A política não é a do Partido dos Trabalhadores.

Não é à toa que em cada canto a gente encontra uma pessoa descontente com tudo o que está aí. Ninguém mais esconde o enfado com os rumos da política partidária. Os princípios foram todos abandonados e a população não está satisfeita com quase dez anos de um governo que se dizia dos trabalhadores. Um governo que foi eleito para mudar o país e não para ser apenas o “menos pior”.

E esse é o dilema político brasileiro: estamos há 20 anos votando no menos pior, no mal menor. Votamos pra reitor no menos pior, pra presidente no menos pior, pra vereador, prefeito. Sempre para o menos pior. Não arriscamos. Apenas nos resignamos, meio envergonhados, e votamos no menos pior.

Mas o fato é que o menos pior é sempre pior do que a gente imaginava quando votou. Está na hora de dar um basta nisso. É preciso construir alternativas reais, que vão para além do menos pior. Esse é o papel da campanha do PSOL nestas eleições: firmar um espaço dos trabalhadores dentro do mundo podre da política tradicional.

É preciso ir além, porque nada é pior do que o menos pior.

(*) Bernardo Pilotto é técnico administrativo em educação pela UFPR, diretor licenciado do SindiTest