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Vereadores de Curitiba entram no melhor dos mundos, analisa colunista político

Voltaire, em seu famoso livro Cândido, tirava sarro da teoria criada por Leibniz de que vivemos sempre no melhor dos mundos possíveis. Era uma disputa filosófica importante na época, duzentos e poucos anos atrás.

Os vereadores de Curitiba, porém, decidiram criar para si mesmos o melhor dos mundos possíveis. E na prática, não na teoria. A partir dessa semana, começam a fazer sessões plenárias pela manhã, anota Rogério Waldrigues Galindo, no blog Caixa Zero.

Com isso, na parte da tarde, ficam livres de toda aquela coisa que devem considerar uma chatice: deliberar, pensar, discutir. Em suma, as funções para as quais pagamos os seus salários.

E ficam livres para fazer o que sabem melhor. Ir aos bairros pedir votos. Fazer campanhas. Porque, ninguém se iluda, o trabalho mais importante de um parlamentar não é fazer algo na legislatura de que participa: é, sim, garantir os votos para se eleger para a próxima.

Assim, nesta segunda, por exemplo, depois do almoço, cada um poderá ir a seu reduto contar vantagens sobre o que fez, fazer reuniões e descobrir como pode tirar mais uns votinhos de qualquer aventureiro que esteja interessado em lhe tirar as benesses do poder em outubro.

Além de só precisarem participar pela manhã, porém, do Legislativo, os vereadores ainda conseguiram eliminar a chance de serem punidos caso faltem ao trabalho. Na semana passada, após um “erro de contagem”, decidiram que o controle mais rígido de presença não está valendo.

Ou seja: para justificar sua falta, o vereador pode alegar qualquer motivo. E nem precisa apresentar um documento comprovando que tinha mesmo algo a fazer naquele horário.

O resultado dessa mamata é que no mês passado 79% das faltas dos vereadores foram abonadas. Sem contar os que não justificaram, saíram no meio da sessão sem se explicar e simplesmente não voltaram.

A única dica possível a essa altura é: lembre-se disso no primeiro domingo de outubro.