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Oposição na Alep é quase nula

Por Euclides Lucas Garcia, na Gazeta do Povo:

Passados quase cinco meses de gestão, “o céu é de brigadeiro” para o governador Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legis­lativa do Paraná. A afirmação é de um deputado que compõe a reduzida bancada de oposição na Casa.

Até agora, excetuando-se alguns episódios isolados e pontuais, os oposicionistas praticamente não ofereceram resistência ao governo tucano.

Para especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, além da dificuldade de enfrentar um governante que saiu vitorioso das urnas há pouco tempo, é muito mais cômodo aos parlamentares aderirem à base governista, de olho em eventuais vantagens e benefícios que o Executivo tem a oferecer.

O resultado disso é a goleada que vem sendo aplicada nos poucos deputados de oposição.

Oficialmente, o líder da oposição, Ênio Verri (PT), afirma que fazem parte da bancada 14 dos 54 deputados estaduais – estão incluídos aí os sete parlamentares petistas na Casa e sete dos doze peemedebistas.

Na prática, porém, as estatísticas mostram que os oposicionistas estão em número ainda mais reduzido. Prova disso é que as reuniões semanais da bancada atraem em média apenas cinco ou seis deputados.

Além disso, nas votações em plenário, os projetos do Executivo que têm críticas da oposição não recebem mais que dez votos contrários.

“Bater em um governador com a popularidade do Beto hoje não rende dividendos. Além disso, começo de governo é sempre assim, com oposição reduzida, mas ela tende a crescer com o tempo”, analisa o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB).

O tucano observa ainda que, inexplicavelmente, figuras emblemáticas do governo Roberto Requião (PMDB) estão acuadas no Legislativo estadual. “Me estranha muito essa postura, que não sei como explicar. Hoje, com exceção do PT, vejo o encolhimento de nomes importantes do governo anterior”, afirma.

Defesa

Verri, por outro lado, diz que é a primeira vez que ouve a crítica de que a oposição está acuada na Assembleia. Segundo ele, basta acompanhar as sessões para verificar que os oposicionistas fazem críticas e manifestações diárias contra o governo.

“Isso depende muito do conceito que se tem de oposição. Defendo que não se faça a crítica pela crítica”, justifica. Para exemplificar, ele cita a aprovação unânime na semana passada do reajuste salarial de 6,5% ao funcionalismo. “Esse porcentual já era negociado com as categorias organizadas e, se não apoiássemos a proposta, o reajuste não sairia na folha de pagamento deste mês.”

O petista destaca ainda as principais críticas feitas na Casa até agora ao governo Richa. “Dissemos que os primeiros cem dias de governo foram sem, com ‘S’. Que o Executivo está acumulando um superávit de R$ 1,5 bilhão, mas não investe”, defende.

“A oposição precisa ter claro o que não está adequado e fazer propostas alternativas. E temos feito isso com muita frequência.”

Já o peemedebista Nereu Moura reconhece que a oposição ainda é incipiente na Casa. Ele atribui isso ao fato de o governo Beto Richa estar a menos de seis meses no poder.

“Sempre há um período de carta branca, até para o governo mostrar a que veio”, argumenta.

Segundo ele, no entanto, essa situação deve perdurar até o fim do primeiro semestre, prazo até o qual o PMDB vai decidir se será governo ou oposição. “Eu, particularmente, defendo que sejamos oposição”.

“O PMDB precisa deixar claro que, na verdade, há muito discurso no meio de tudo isso e pouca coisa executada”, afirma Moura. “Quando houver essa definição, o governo não vai ter tanta moleza como hoje, porque as coisas começarão a tomar as devidas cores.”

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Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo