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O que você precisa saber sobre a disputa do governo no Paraná

Fábio Campana

Ou o Ibope errou feio na anterior e tentou consertar o despropósito na última, ou a última é a pesquisa errada. A verdade é que a enorme incongruência dos números da primeira em relação à última deixa dúvidas substanciais sobre o trabalho do instituto que, em passado distante, gozou de alta credibilidade. Hoje, nem tanto.

Em algo todos os analistas estacionados no Centro Cívico concordam. Nada, absolutamente nada, justifica a mudança tão radical de índices em 10 dias de uma pesquisa para outra. Há mais. Os números Ibope também não conferem com os de outros institutos e de tal forma que ficou difícil acreditar em qualquer pesquisa sobre a corrida eleitoral no Paraná. Diante destas trapalhadas que envolvem desde equívoco na definição da amostra à qualidade da equipe que colhe as informações, e analisando todos os resultados, os analistas chegaram a consensos mínimos e quase óbvios:

1 – A eleição está aberta. Todas as pesquisas concluíram que há um número tão dilatado de indefinidos (indecisos) que qualquer resultados poderá surgir da campanha eleitoral que deve se intensificar depois do Dia da Pátria. Sendo que o período mais propício para a definição do voto da maioria deve acontecer nos últimos 10 dias da campanha. Hoje, os indicadores apontam entre 53% e 77% de indecisos. O que permite pensar que serão grandes os índices de votos nulos, brancos e de abstenções.

2 – Vamos a outro dado consensual das pesquisas: há três candidatos que detém índices de preferência que os colocam como os mais prováveis a disputar o cargo de governador. Ratinho Jr, Cida Borghetti e João Arruda. Nessa ordem. São os que dispõem de partidos ou coligações com estrutura, apoios de base, recursos e capilaridade para chegar à vitória. Por decorrência são também os que dispõem de maior tempo de rádio e TV. Os demais, ao menos por enquanto, estão condenados aos papel de figurantes.

3 – Na média ponderada de todas as pesquisas divulgadas, os números colhidos entre os que já decidiram em quem votar não são tão dilatados. Se aproximam daqueles apresentados pela primeira pesquisa Ibope: Ratinho Jr em variação de 31% a 34%, Cida Borghetti varia de 15% a 18% e João Arruda de 8% a 11%. Os demais somam o suficiente para aproximar a disputa eleitoral de inevitável segundo turno.

4 – Agora, a situação de cada um dos três candidatos, a começar por Ratinho Jr. Sua vantagem é grande. Tem apoios de base, de partidos e também de lideranças empresariais. Seu pai, Ratinho, é apresentador de TV de grande popularidade. Além disso tem uma rede de comunicação da família. Sua luta é para vencer no primeiro turno, o que não é fácil. Sua dificuldade maior é o teto histórico que se estabeleceu a partir de uma rejeição que começa pelo nome e se derrama pelos preconceitos. Esta rejeição o torna muito vulnerável em disputas diretas no segundo turno.

5 – Cida Borghetti é governadora e em função de seu cargo tem grande exposição na mídia e a vantagem de expor continuamente o que está a fazer no governo, mostrando obras e programas que são amostra de seu esforço e sua luta. Tem vantagens na condição de mulher, além do que conta com o apoio do maior bloco de partidos, de prefeitos, deputados e lideranças em todo o Estado. Enfrenta uma dificuldade insanável: é continuadora do governo de Beto Richa, de quem foi vice e teve que aceitar em sua coligação. Richa tem uma crescente rejeição e a marca de escândalos de corrupção.

6 – João Arruda é o mais jovem dos três candidatos. Lançado por um partido que tem história e tradição em governar o Paraná. Tem mais. Tem estrutura e militância. É capaz de mobilizar um exército respeitável. É, de certa forma, herdeiro político de seu tio, o senador Requião, que o apoia. Este é um trunfo importante, pois Requião passa por ótima fase e alcança índices de popularidade e prestígio que não desfrutava há muito tempo. Arruda tem tempo de rádio e TV equivalente aos dos seus com concorrentes diretos. Tem boa aparência, fluidez no discurso, argumenta com eficiência e sabe dosar sua agressividade no ataque. Contra ele pesa o envolvimento em um acidente de trânsito na juventude quando morreram duas jovens, o que deve ser explorado pelos opositores.

É este o quadro que deve evoluir com velocidade a partir de agora. Tudo o mais é especulação sem base analítica. No dia 7 de outubro saberemos sobre os vencedores, se teremos ou não segundo turno, o que é muito provável. Até lá, pesquisas de todos tipos e para todos os gostos serão divulgadas. Aguardemos.