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O casamento do ex-prefeito Greca, uma surpresa tardia

O casamento do ex-prefeito Greca, uma surpresa tardia

Aroldo Murá

Os primeiros sinais de que a campanha para a Prefeitura de Curitiba já começou podem estar numa revelação surpreendente, que cabos eleitorais e marquetólogos começam a divulgar: o ex-prefeito Rafael Valdomiro Greca de Macedo e Margarita Pericás Sansone somente no ano passado, em 15 de setembro, começaram a cuidar – efetivamente – de seu casamento civil.

O surpreendente reside no fato de que o ex-prefeito, que quer voltar ao Palácio 29 de Março, sempre tivesse se qualificado, em público e em documentos, como casado legalmente com Margarita. Também como ministro do Turismo, no governo FHC, por curto período, Greca e Margarita sempre apareceram como casal legalmente constituído.

“Essa divulgação ‘surpreendente’ é coisa dos lua-preta da oposição ao Greca”, disse ontem à coluna um dos defensores da candidatura de Rafael pelo PMN, não negando, no entanto, a autenticidade dos proclamas de casamento lançados pelo Cartório de Registro Civil de Adilson Taborda (Rua Vol. da Pátria, 233, loja 6, tel.32 33 20 44, Curitiba).

Proclamas, como manda a lei, registrados em anúncio em jornal de grande circulação, com data de 15 de setembro de 2015.

Proclama do cartório

Um antigo aliado de Greca, e que com o ex-prefeito partilhou de posições no PMDB de Roberto Requião, não negou o fato de que “desde a visita do Papa, em 1980, Greca tenha se apresentado como casado com Margarita. O fato, na ocasião, foi visto como “surpresa”. O casamento teria sido realizado pelo então arcebispo dom Pedro Fedalto, hoje emérito, que nunca negou o fato.

A revelação do casamento, enfim, só consumado civilmente em 2015 (considerando os proclamas), dá margem a cogitações. A primeira, a de que o casal, embora casado na Igreja Católica, não teria feito o devido registro civil horas depois da cerimônia matrimonial, como manda a lei.

O casamento religioso, mas com também efeito civil (em qualquer denominação religiosa) pode ser feito, mas é obrigatório seu registro, menos de uma semana depois de realizado, em Cartório.

Esse registro não teria acontecido. É uma possibilidade.

O casamento teria acontecido sob as bênçãos do arcebispo, tendo em vista, nos 1980, à visita de João Paulo II a Curitiba, e na qual o papel de Greca de Macedo foi capital na recepção ao pontífice, ao lado de Jaime Lerner e Fani. E de Margarita.

Possibilidades

Para o mesmo engajado defensor da candidatura de Greca à Prefeitura (“ele será um alto falante, uma metralhadora contra a administração Fruet e sua inação”), há a possibilidade de o matrimônio anunciado pelos proclamas ter ocorrido para o cumprimento de dispositivos legais, como questões sucessórias (heranças, por exemplo).

“Mas o mais certo – segundo adiantou-me um especialista em campanhas prefeituráveis instalado numa poderosa agência de publicidade, “é que Greca esteja apenas se precatando contra eventuais mexidas em sua história de vida. E um ex-prefeito casado, mas legalmente solteiro, seria um prato feito para os inimigos…”

Não consegui detalhes sobre o casamento anunciado, nem sobre se houve comemorações e com quais convidados. Nem quando de fato ocorreu.