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O ativista do século 21 – por Rhodrigo Deda

O ativista norte-americano Aaron Swartz, morto tragicamente na semana passada aos 26 anos, deixa como legado o modo como atuava na política. Swartz era mais conhecido por ser um programador e ativista da livre informação na internet. Ele participou da criação do código do RSS, utilizado para agregar conteú­do na rede, quando tinha 14 anos. Foi um dos fundadores do site Reddit e militava contra tentativas de reduzir a liberdade na internet nos Estados Unidos. Respondia a um processo criminal sob a acusação de ter furtado artigos acadêmicos da base de dados do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e corria o risco de pegar 35 anos de cadeia. Sofria de depressão. Na última sexta-feira, Aaron Swartz se suicidou.

de Rhodrigo Deda, na coluna O Coro da Multidão, desta sexta-feira, 18, na Gazeta do Povo. Leia a seguir a íntegra do post.

O ativista norte-americano Aaron Swartz, morto tragicamente na semana passada aos 26 anos, deixa como legado o modo como atuava na política. Swartz era mais conhecido por ser um programador e ativista da livre informação na internet. Ele participou da criação do código do RSS, utilizado para agregar conteú­do na rede, quando tinha 14 anos. Foi um dos fundadores do site Reddit e militava contra tentativas de reduzir a liberdade na internet nos Estados Unidos. Respondia a um processo criminal sob a acusação de ter furtado artigos acadêmicos da base de dados do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e corria o risco de pegar 35 anos de cadeia. Sofria de depressão. Na última sexta-feira, Aaron Swartz se suicidou.

Apesar do currículo como ativista das redes, seria uma baita injustiça resumir a atuação de Swartz ao universo virtual. Quando se observa como ele atuava politicamente a coisa começa a ficar interessante. Em artigo do pesquisador do Instituto Roosevelt de Matt Stoller no site Naked Capitalism, publicado na segunda-feira, descobre-se que Aaron Swartz se interessava por políticas na área de saúde e de combate à corrupção financeira e às drogas. Ao contrário de muitos ativistas sociais que preferem manter os políticos à
distância, Swartz se esforçou para conhecer o funcionamento das negociações políticas no Congresso. Procurava conhecer o sistema eleitoral, a propaganda política e os mecanismos que levam à corrupção.

A forma como Swartz agia permite uma bela conclusão para todo aquele que pretende ser um ativista bem-sucedido. É preciso estudar o funcionamento do sistema político para atuar nele de forma eficaz. Em vez de colecionar meras opiniões, vale mais buscar informações sobre as instituições políticas. Ler tudo o que for possível sobre como o Estado funciona. Há cada vez mais dados públicos disponíveis nos sites dos governos. É necessário esforço para compreender a política. Sem dedicação, os resultados de ativistas serão muito limitados.

Swartz era o arquétipo do ativista desses tempos hipermodernos. Programador prodigioso, aliava conhecimentos sobre o funcionamento da democracia a seu trabalho técnico de alta performance. A segunda conclusão a que se chega é que, se nos séculos 19 e 20 boa parte dos ativistas era de estudiosos de ciências sociais, no século 21 eles cada vez mais têm o perfil semelhante ao de Aaron Swartz – transitam com facilidade entre as humanidades e a tecnologia da informação. Uma pena que ele decidiu deixar o mundo que estava ajudando a melhorar.