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“Notificação compulsória pode agilizar tratamento da doença de Chagas”, disse Ricardo Barros

 

Dados do Ministério da Saúde apontam que o Brasil registrou mais de dois milhões de casos da doença de Chagas de 2014 a 2018. No mesmo período, foram realizados 1.600 tratamentos. O tema foi debatido em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara realizado nesta última terça (4), na Câmara dos Deputados.

Segundo o autor do requerimento da audiência, o ex-ministro da Saúde, deputado Ricardo Barros (Progressistas/PR) destacou que é preciso realizar a notificação compulsória, garantir o acesso ao exame de detecção e investir em pesquisa para que a doença de Chagas deixe de afetar milhões de pessoas em todo o país. “Quanto mais nós falarmos nisso, quanto mais nós trabalharmos, informarmos as pessoas de que elas podem ser portadoras sem sintoma e oferecermos os testes diagnósticos, nós vamos poder fazer com que esses brasileiros saibam que são portadores e possam se tratar.”

O representante do Ministério da Saúde em, Júlio Henrique Croda, destacou que desde o ano passado o ministério vem adotando um protocolo para rastreamento e tratamento desses pacientes. Ele lembrou que o tratamento da doença de Chagas no estágio inicial é barato e eficaz e que um 1,5 milhão de pacientes infectados estão aptos para o tratamento.

A representante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Tânia Cremonini, lembrou que em 2015 a instituição já havia sugerido ao governo que atualizasse os profissionais e realizasse a notificação compulsória e a busca para rastreamento dos portadores da doença.

“Se temos as intenções, os protocolos, o medicamento e a notificação a ser feita, vamos a campo, vamos encontrar os 4 milhões de portadores, vamos dar cuidado e atenção integral a eles. Essa é a nossa dívida social com esse povo que está aí muito antes da descoberta, convivendo com a doença de Chagas”, falou.

Surto
Atualmente, o estado de Pernambuco enfrenta um surto agudo de doença de Chagas em vários municípios. O problema está sendo enfrentado graças a uma rede de atendimento a esses pacientes que vem sendo constituída desde 1987, com a capacitação de médicos em todo o estado numa rede descentralizada e interligada.

Joanda Gomes é pernambucana, tem 51 anos e convive com a Doença de Chagas desde os 12. Para ela, a descentralização do atendimento representa a chance de que novas pessoas descubram a doença e realizem o tratamento antes da fase crônica.

“Se esses médicos tivessem o estudo, a capacitação, ensinava aquele médico que não sabe, não entende que a perna inchada, uma tontura, um desmaio, um cansaço [são sintomas]. Quando chega em Recife pode fazer até como eu, ficar com o intestino doente, o esôfago e o coração. Já ando num marca-passo há 38 anos, no oitavo marca-passo”, lamentou.

Sintomas
A doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos. Na fase aguda, que é a mais leve, a pessoa pode apresentar sinais como febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e pernas. Porém, 70% dos pacientes não apresentam sintomas até chegarem à fase crônica, onde podem apresentar insuficiência cardíaca e problemas digestivos, com o aumento do cólon e do esôfago.

A doença de Chagas foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde em 2007. Em 2018, a OMS definiu o dia 14 de abril como o Dia Mundial da Doença de Chagas.

Fonte: Agência Progressistas