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Ninguém põe ‘um paralelepípedo’ no Brasil sem fazer acerto, diz advogado

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O advogado do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, disse nesta quarta-feira (19) que não se faz obra pública no Brasil sem “acerto” e que quem nega isso “desconhece a história do país”. As informações são de Guilherme Voitch na Folha de S. paulo

Um dos 24 presos na Operação Lava Jato, Baiano estava foragido desde sexta-feira (14) e entrou nesta terça na sede da Polícia Federal em Curitiba. Seu depoimento, marcado para esta quarta, foi adiado para sexta-feira (21).

“O empresário, se porventura faz alguma composição ilícita com político para pagar alguma coisa, se ele não fizer isso não tem obra. Pode pegar qualquer empreiteirinha e prefeitura do interior do país. Se não fizer acerto [com políticos], não coloca um paralelepípedo no chão”, disse Mario de Oliveira Filho, que defende Baiano.

O advogado disse ainda que os empresários detidos na Operação Lava Jato são “vítimas da cultura política do país”. A operação da Polícia Federal investiga um esquema de fraude em licitações na Petrobras.

Apesar da declaração, Oliveira Filho negou que seu cliente tenha intermediado pagamento de propina em obras da Petrobras. A participação de Baiano foi apontada em depoimentos feitos pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

“Estão tratando ele como bode expiatório. Ele é um empresário que descobre um problema de infraestrutura e vai atrás da solução, vai atrás da empresa que tem a solução, recebendo uma porcentagem absolutamente legítima disso”, disse.

Segundo os depoimentos de Youssef e de Paulo Roberto Costa, Fernando Baiano seria o operador do PMDB no esquema de corrupção na estatal –o que o partido nega. O advogado do lobista também negou relação de seu cliente com a legenda.

“Dizem que ele é ligado ao PMDB. Perguntei para ele e ele disse que não conhece o Renan Calheiros, que nunca viu e que não tem ligação nenhuma com o PMDB”, disse.

Mario de Oliveira Filho disse ainda que Baiano tinha passagem marcada para poder depor na PF, mas que, na sexta-feira, foi “surpreendido” com o pedido de prisão.

“Ele abriu mão de depor no Rio, onde mora, para vir a Curitiba esclarecer tudo. Estava colaborando com a Justiça.”

Segundo ele, Baiano não iria responder sobre temas aos quais a defesa não teve acesso: “Só podemos nos defender daquilo que sabemos que estamos sendo acusados”.