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Niemeyer oferece à América Latina a universidade de seus sonhos

Niemeyer oferece à América Latina a universidade de seus sonhos

Da EFE

Carlos A. Moreno

Rio de Janeiro, 8 ago – O arquiteto Oscar Niemeyer, ainda ativo mesmo com seus 100 anos, se inspirou na "universidade de seus sonhos" para realizar o projeto da futura Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Considerado um "gênio das curvas de concreto armado" e precursor da arquitetura moderna, ele foi o criador dos palácios e edificações que fizeram com que Brasília recebesse, merecidamente, o status de Patrimônio da Humanidade.

Niemeyer entregou esta semana os projetos do campus da universidade que o Brasil planeja construir em sua tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai, para promover a integração educacional na América Latina.

O projeto arquitetônico com seis edificações em uma área de 40 hectares se inspirou, segundo reconhece o centenário arquiteto, na Universidade de Constantine (Argélia, 1969), uma de suas mais famosas obras mundiais, que inclui entre suas favoritas e que sempre considerou como a "universidade de seus sonhos".

"O desenho da Universidade Latino-Americana tem o mesmo espírito da Universidade de Constantine. Foi planejado pensando em aumentar o contato dos estudantes com o campus, com a instituição e com a academia", disse em declarações à Agência Efe Niemeyer.

"Quando nos encomendaram a Universidade de Constantine, viajei com vários especialistas e educadores à Argélia para estudar como podíamos construir uma universidade mais simples, mais lógica e que tivesse melhor relação com os alunos. Foi com base nesses estudos e em Constantine que projetamos a Unila", acrescentou o arquiteto.

A Unila é um projeto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para promover uma maior aproximação regional.

A iniciativa prevê a construção de um centro de educação superior para aproximadamente 10 mil estudantes, a metade composta por brasileiros e a outra de outros países latino-americanos, e que oferecerá cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de ciências e humanidades, tanto em espanhol como em português.

O respectivo projeto de lei foi apresentado por Lula ao Congresso em dezembro passado, já foi aprovado por uma comissão da Câmara dos Deputados e conta com o respaldo de todos os partidos.

O projeto prevê a contratação de cerca de 500 professores com mestrado e doutorado, tanto brasileiros quanto de países vizinhos; terá ênfase em áreas que possam impulsionar a integração regional e, por ser pública, oferecerá educação gratuita.

A universidade será construída em um terreno já cedido por Itaipu, a maior hidroelétrica em operação no mundo e que é compartilhada com o Paraguai e a Argentina, em Foz do Iguaçu, fronteiriça com a cidade paraguaia de Ciudad del Este e com a argentina Puerto Iguazú.

"Trata-se de uma iniciativa muito importante, por oferecer educação a alunos de toda a América Latina e promover a integração", afirmou Niemeyer à Efe.

A animação do arquiteto com a iniciativa é tamanha que o levou a apresentar um projeto arquitetônico muito mais amplo que as duas edificações que inicialmente tinha se comprometido a desenhar, e que alojariam apenas a biblioteca e a reitoria.

O projeto apresentado é um plano arquitetônico integrado para todo o campus com seis edificações principais que contaram também com anfiteatro e restaurante.

As duas outras edificações propostas estão destinadas às salas de aula e aos laboratórios.

Niemeyer definiu sua proposta como seu "grande presente" não só ao Brasil, mas a toda a América Latina.

A construção do campus universitário ainda depende da aprovação do projeto pelo Ministério da Educação, e da autorização do Congresso.

Mas o presidente da Comissão de Implantação da universidade, Hélgio Trindade, acredita que a mesma possa começar a funcionar no segundo semestre do próximo ano.

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