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Miseráveis eternos?

Do blog do André Sberze:

Lendo uma matéria no blog do Cesar Minotto me deparo com a notícia (desanimadora, por sinal), de que entre os 15 municípios mais miseráveis do Paraná vários ficam na região de Guarapuava.

O critério de miserabilidade, na reportagem fundada em pesquisa do IPARDES, é/são aqueles que ganham de 0 a R$ 70,00 mensais. Isso mesmo… SETENTA REAIS por mês, pouco mais de R$ 2,00 reais por dia.

Ou seja, isso explica a dificuldade de desenvolvimento da nossa região, vez que a sociedade capitalista exige – como sempre – a atividade do consumo. O que podem consumir (além de pouca comida) alguém que ganha pouco mais de R$ 2,00 ao dia?

Nossa vizinha Campina do Simão – onde tenho vários ouvintes no “Café com Advogado” possui 20% de sua população sobrevivendo com esse valor miserável. Goioxim não fica muito atrás: 19% são miseráveis. Pinhão 16% da população se enquadra nessa condição de miséria extrema (e olhe que é um município que recebe muitos recursos oriundos de royalties).

O mais triste é saber que de imediato temos poucas condições tem para mudar esse quadro, ainda mais sem investimentos pesados dos Governos estadual e federal. Aliás, notemos que a renda desses miseráveis deve ser composta basicamente da bolsa família, tão criticada por muitos. E se essa camada expressiva da população não tivesse nem isso? com certeza morreriam de fome.

Além disso, causa profunda tristeza a situação de comodismo que toma conta de nós nessas horas. Guarapuava como município-sede da região é a que mais sofre com a pobreza de nossos vizinhos, vez que o mercado consumidor basicamente opera apenas para a população de nossa cidade, contrariamente do que ocorre em Pato Branco, Francisco Beltrão ou Campo Mourão, onde a praça comercial de tais cidades lucra muito com os municípios vizinhos. Confesso que nunca vi nenhum de nossos representantes lutar por uma política de inclusão regional, com base no desenvolvimento de estruturas básicas como estradas, saneamento e ensino fundamental (em Goioxim várias escolas de interior não possuem banheiro, sequer torneira para os alunos beber água…).

Por isso sempre me levantei contrariamente as propostas de prioridade de criação de linha aérea para nossa cidade (Campina do Simão até ano passado não tinha asfalto, mas andar de avião era mais sedutor para alguns líderes regionais), sendo que o acesso de uma ambulância de cidades vizinhas muitas vezes era/é precário. Onde estão as políticas de isenção de impostos para nossa região, o “nordeste” do Paraná?

Cadê o Sr. Beto Richa e a Sra. Gleisi Hoffmann, grandes vencedores das últimas eleições, nessas horas? Existe vida humana no entorno de Guarapuava, e apenas um trabalho político extremamente ativo e exclusivo fara o número de miseráveis diminuir, e não crescer.

Não adianta instalarmos uma UTFPR aqui sendo que ali do lado crianças precisam fazer suas necessidades no mato ao lado da sala de aula. Não instalar cursos técnicos quando grande parte da população que realmente necessita da capacitação profissional não tem dinheiro para pagar o transporte ou um lanche para comer nos intervalos das aulas.

Como sempre digo, tem muita coisa de errado nesse mundo, mas na nossa região parece ter ainda mais coisas erradas. Ou despertamos de vez para um trabalho de desenvolvimento regional, ou seremos reconhecidos como os miseráveis eternos do Paraná.