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Ministro levou mulher em jato da Força Aérea Brasileira para Carnaval

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Com um mês à frente do Ministério da Saúde, Arthur Chioro levou sua mulher, Roseli Regis dos Reis, para o carnaval em três capitais no avião da FAB. “Fiz uma maratona de quatro dias a serviço do ministério em prol da prevenção da Aids, percorrendo os quatro maiores carnavais do país. Fiz questão de ter minha esposa ao meu lado para evitar qualquer situação de exposição indevida”, justificou Chioro para Andréia Sadi na Folha de S. Paulo deste sávado, 8.

O ministro se deslocou de São Paulo para Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O decreto 4.244/2002, que disciplina o uso de aviões da FAB por autoridades, diz que os jatos podem ser requisitados quando houver “motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente”. O decreto não diz quem pode ou não viajar acompanhando as autoridades.

Na capital baiana, o casal foi ao badalado camarote Expresso 2222, comandado pelo ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e sua mulher, Flora Gil. O ministro também passou no camarote do governador Jaques Wagner (PT). No Rio, esteve no bloco Sargento Pimenta.

A assessoria de Chioro afirma que a mulher do ministro o acompanhou nos compromissos oficiais “sem qualquer custo adicional aos cofres públicos”. Segundo a pasta, os hotéis foram pagos com as diárias de R$ 2.541,88 recebidas pelo ministro.

Além da mulher, a comitiva oficial foi composta por assessores do gabinete do ministro e do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais da pasta, totalizando 11 pessoas, segundo a previsão de passageiros registrada pelo site da FAB.

Na agenda oficial do ministro, porém, Roseli não aparece entre os integrantes da comitiva. No dia 1º, no trajeto de Recife para Salvador, a lista registra quatro assessores e um fotógrafo.

No dia seguinte, de Salvador para o Rio, uma assessora e um fotógrafo. Não há agenda na página do ministério para o dia de volta da comitiva, em 4 de março.

Quando assumiu o ministério, Chioro teve que se afastar de sua empresa de consultoria, que atuava na área de saúde e da qual ele era sócio-diretor desde 1997. Cedeu suas ações para a mulher, que é agora a sócia majoritária.

A carona a familiares em jato oficial tem precedentes. No Carnaval de 2013, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) levou a mulher, o filho e assessores para Cuba, onde ele teria compromissos oficiais.

A Comissão de Ética Pública arquivou o caso de Aldo sob o argumento de que a ida dos familiares não gerou gastos a mais para o governo, já que o ministro iria para Cuba de qualquer forma.

Mas a Comissão propôs alterações em decreto que estabelece normas para transporte de autoridades e de seus familiares na frota da FAB com o objetivo de regulamentar o ressarcimento para casos como esse.