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Mercosul estuda punir Venezuela se governo não dialogar

Mercosul estuda punir Venezuela se governo não dialogar

A situação cada vez mais crítica da Venezuela é motivo de intenso debate nos governos Michel Temer e Mauricio Macri e tanto Brasil como Argentina analisam a possibilidade de adotar medidas mais duras no curto prazo, caso o presidente Nicolás Maduro não dê claros sinais de flexibilização de sua postura. Os dois principais sócios do Mercosul cogitam impedir que o país assuma a presidência pro tempore do Mercosul na próxima cúpula presidencial, que deverá ser realizada entre este mês e julho, em Montevidéu. Uma alta fonte da Casa Rosada confirmou ao GLOBO que Macri ainda aposta no diálogo entre Maduro e seus opositores, mas caso o Palácio de Miraflores insista em negar a realização de um referendo sobre a continuidade do chefe de Estado no poder, “é inviável ter a Venezuela presidindo o Mercosul”. As informações de Janaína Figueiredo n’O Globo. FIGUEIREDO

A crise venezuelana tornou-se verdadeiro dilema para os sócios do país no Cone Sul. Os argentinos esperam uma reação de Maduro até o próximo dia 10 de junho, quando será realizada a reunião na Organização de Estados Americanos (OEA) na qual poderia ser decidida a aplicação da Carta Democrática do organismo, que pode levar até a expulsão da Venezuela. Caso contrário, afirmou a fonte, a Argentina respaldará ações contundentes contra Caracas na OEA e, posteriormente, no Mercosul.

— Estamos dando uma última chance ao governo Maduro e esperamos uma reação — assegurou o funcionário.

O governo Temer também estuda a possibilidade de impedir que a Venezuela assuma o comando do bloco, segundo confirmou uma fonte do Palácio do Planalto à agência Reuters.

— Não há uma proposta ainda do que será feito, mas a disposição do governo é impedir que a Venezuela assuma — disse a fonte.

Segundo ela, o governo brasileiro vai pedir que se analise a suspensão da Venezuela num encontro de chanceleres do bloco que deve ocorrer na semana que vem e, se houver um avanço em relação ao tema, Brasília não se oporá.

— É muito cedo ainda para se saber como as coisas vão caminhar, mas o governo brasileiro não irá agir para defender esse governo venezuelano, isso é certo — afirmou a fonte à Reuters.

Procurado pelo GLOBO, o Palácio do Planalto desmentiu.

— O governo brasileiro nega que esteja sendo cogitada qualquer iniciativa que impeça a Venezuela de assumir a presidência pro tempore do Mercosul — afirmou o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, embaixador Fred Arruda.

Chanceleres podem se encontrar no Uruguai

Se for adotada uma ação mais contundente, uma opção seria a aplicação da cláusula democrática do Mercosul, o que implicaria a suspensão do país. Outra alternativa seria prorrogar o mandato dos uruguaios por mais seis meses.

O cenário mais extremo, na OEA e no Mercosul, é considerado a “pior alternativa possível” pelo governo argentino. A mesma opinião sustentam líderes da oposição venezuelana, entre eles o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, que conversou recentemente por telefone com o presidente argentino. Capriles está avaliando a possibilidade de visitar alguns países da região, entre os quais estariam Brasil e Argentina, para reforçar seu pedido de apoio ao referendo.

— As cartas e cláusulas democráticas não vão resolver nada. Pelo contrário, permitirão a Maduro vitimizar-se e dizer que a culpa da crise é da OEA e do Mercosul — argumentou o funcionário argentino.

Segundo ele, atualmente o único presidente do bloco que tem contato direto com Maduro é Tabaré Vázquez, do Uruguai. Macri, Michel Temer e o paraguaio Horacio Cartes não têm comunicação com o presidente venezuelano.

— Está sendo analisada a possibilidades de realizar um encontro de ministros das Relações Exteriores de todos os países, menos da Venezuela, antes da cúpula presidencial — comentou a fonte.

A reunião seria em Montevidéu, onde também ocorrerá a próxima cúpula presidencial. Para a Casa Rosada, se Maduro insistir em negar a realização do referendo e continuar boicotando a Assembleia Nacional (AN), controlada desde janeiro passado pela oposição, seria inviável ter a Venezuela como presidente do Mercosul.