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Membros do PCC que atuavam de dentro de presídios do Paraná são alvos da operação En Passant 

Vinicius Konchinski, UOL

A Justiça do Paraná decretou a prisão preventiva de 18 supostos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) que atuam no estado. Os supostos membros da facção, a maior e mais atuante em presídios paranaenses, são alvo de uma operação conjunta do MP-PR (Ministério Público do Paraná) e da polícia paranaense deflagrada hoje.

A operação En Passant investiga o envolvimento de suspeitos com o tráfico de armas e drogas. Também apura a participação deles no sequestro e até execução de membros de facções rivais ou mesmo ex-membros do PCC.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-PR participou da investigação que baseou a operação. De acordo com o procurador de Justiça e coordenador do grupo, Leonir Batisti, os mandados de prisão foram expedidos para alguns membros da facção que participam de crimes mesmo estando presos em presídios do Paraná.

“Os faccionados que estão no sistema organizam o tráfico de drogas, de armas, determinam o sequestro de desafetos e concorrentes e até encaminham essas pessoas para homicídios”, explicou Batisti. “Dão a ordem de presídios para que sejam cumpridas fora.”

Há mandados de prisão para detentos presos na PEP (Penitenciária Estadual de Piraquara), na região metropolitana de Curitiba, e em dois presídios de Londrina. Há outras ordens de prisão para investigados que estão em liberdade, além de mandados de busca e apreensão de provas.

Em agosto, a PF (Polícia Federal) e o próprio MP-PR participaram da Operação Cravada. Nela, detentos da PEP foram alvos de pedidos de prisão pois, de dentro da cadeia, comandavam a arrecadação do PCC e a utilização desse dinheiro em atividades criminosas.

Na época da operação, o delegado da PF Martin Bottaro Purper chegou a afirmar que existia no presídio de Piraquara uma espécie de quartel-general do PCC. “Foi constatada a existência de um núcleo dessa facção criminosa estabelecido dentro de Piraquara. Todos os integrantes comandavam dali as ações criminosas realizadas em praticamente todos os estados do Brasil”, afirmou.

Já em julho, uma outra operação, novamente realizada pelo Gaeco, realizou buscas e cumpriu mandados de prisão em presídios de Londrina. De lá, segundo o procurador Batisti, presos também participavam do tráfico de drogas, armas e de assassinatos.

“Não temos um sistema prisional de excelência”, disse Batisti, questionado sobre como presos continuam cometendo crimes. “Estamos buscando alternativas técnicas para minorar as questões [de acesso a presos a telefones celulares].”

O Depen (Departamento Penitenciário do Paraná),órgão do governo do Paraná que administra os presídios do Estado, integra a operação En Passant.