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MANIFESTAÇÃO FEUDAL NO PARANÁ

Meu amigo e conterrâneo Zenir Teixeira envia uma notícia publicada no jornal Gazeta do Povo sobre as ameaças de “ruralistas” aos sem-terra na quarta-feira (23) em Cascavel. As polícias Militar e viária montaram um esquema de forma a impedir que os dois grupos se encontrassem nas ruas da cidade, segundo a notícia.

Cerca de 4 mil sem-terra de todo o Estado participam da Jornada Agroecológica, no campus da Unioeste e os “ruralistas” fizeram um ato de repúdio, bloqueando a principal avenida de acesso à universidade. Uma foto da matéria mostra uma faixa com estes dizeres: “Unioeste cancela aulas e cursos para receber líder do MST e filha de Che Guevara!”

Como parte das comemorações do Dia do Trabalhador Rural, que acontece nesta sexta-feira (25), o MST já ocupou 11 sedes do Incra em nove estados (PE, SP, MT, AL, PB, BA, MA, CE e GO) e promove marchas não só no Paraná, mas também no Rio Grande do Sul, para exigir o assentamento das 140 mil famílias acampadas e um programa de agroindústria para assentados.

“Estamos fazendo isso para chamar a atenção da sociedade que o direito de propriedade está sendo sistematicamente violado pelo sem-terra que invadem fazendas produtivas, com a conivência do Estado, que não providencia os recursos policiais necessárias para que sejam cumpridas as ordens de reintegração de posse dadas pela Justiça”, disse o presidente da Sociedade Rural do Oeste (SRO), Alessandro Meneghel.

O motivo da ira dos feudais é a 7ª Jornada de Agroecologia que está sendo realizada na Unioeste com o lema: “Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade, Colhendo Soberania Alimentar.” O evento debate a importância de uma agricultura, fundamentada na agroecologia, que respeita o meio ambiente (sem uso de agrotóxicos ou cultivo de transgênicos), os camponeses e pequenos agricultores e sua relação saudável com a terra.

Além disso, o encontro reafirma as formas organizativas tradicionais de cooperação e dá prosseguimento a marcha de luta pela reforma agrária. Na programação estão previstas palestras com a filha do revolucionário Che Guevara, Aleida Guevara; com a pesquisadora do grupo ETC, México, Sílvia Ribeiro; com o professor e engenheiro agrônomo Horácio Martins de Carvalho; com o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile.

Eles tratarão de temas ligados à agroecologia, transnacionais, criminalização dos movimentos sociais, educação popular e soberania alimentar. A ideologia feudal sobre a nossa estrutura fundiária vê as ações do MST como crimes.  Para ela, uma organização que abarca um grande número de pessoas com um enorme potencial de luta num ponto nevrálgico da vida nacional é uma inconveniência intolerável. A história brasileira é pródiga em exemplos de repressão às organizações que tentaram mudar as regras desse jogo feudal.

por Osvaldo Bertolino