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Lula volta aos comícios após doença e diz que PT não teme adversário

Agência O Globo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir em palanques na noite desta sexta-feira (31), após quase um ano de tratamento de câncer.

Com a voz rouca e alternando a fala com goles de água, ele retomou os discursos, classificados por ele como “dom” e motivo do “maior medo” durante a doença, na campanha do ex-ministro Patrus Ananias (PT) à prefeitura de Belo Horizonte.Lula tenta alavancar a candidatura do petista, que aparece cerca de 20 pontos atrás do prefeito Marcio Lacerda (PSB), e que, por tabela, rivaliza com o senador Aécio Neves (PSDB), potencial concorrente ao Palácio do Planalto em 2014.

Cerca de 5 mil pessoas foram à Praça da Estação, no centro da cidade, para assistir ao retorno de Lula aos palanques. Ele subiu no palco uma hora depois do início do evento e ouviu os discursos do vice de Patrus, Aloísio Vasconcelos (PMDB), do ministro Fernando Pimentel (PT) e de Patrus. Com semblante sério, ele bebia água antes de falar.

Acenou ao público e cumprimentou candidatos a prefeituras mineiras, acomodados no palco, mas separados do ex-mandatário por uma grade.

Segundo fontes ligadas ao ex-presidente, a recomendação médica era para que discursasse por apenas cinco minutos. Lula disse que poderia falar pouco, mas se estendeu por 12 minutos e elevou o tom da voz em vários momentos.

Começou o discurso pedindo para que as pessoas guardassem faixas e bandeiras para que todos pudessem ver o quanto estava “mais bonito” sem barba, consequência da doença, que atingiu a laringe do ex-presidente.

“Mês que vem faz um ano, dia 27, dia do meu aniversário, que descobri que tinha um câncer. Engraçado que eu aceitava que o câncer podia matar. Mas não conseguia saber como iria viver sem poder fazer discurso. Porque foi um dom que Deus me deu.

Acho que é patrimônio que acumulei no PT e no movimento sindical”, disse Lula e, depois de seis minutos de discurso, voltou a pedir à equipe água.

Depois de discurso morno de Patrus, sem ataques à Lacerda – segundo ele, Lula o recomendou não responder a provocações de adversários -, coube ao ex-presidente criticar o atual prefeito e falar sobre o rompimento entre PT e PSB. Lula disse ter percebido que “Deus escreve certo por linhas tortas”.

“O PT de Minas estava brigando demais. Tinha gente muito desgostosa. A gente tinha uma aliança que todo mundo entendeu que devíamos fazer aliança. E aí começou a briga. E aliança ou não… Eu recebia telefonema: Lula, pelo amor de Deus, vem a BH ajudar. Falava que o problema era do povo mineiro. Eis que Deus colocou o dedo no lugar certo.

Aqueles que o PT ajudou a chegar no poder não querem mais ficar com o PT. Tudo bem. O PT não vai ficar chorando. Porque tem homem da qualidade de Patrus. Não tem de temer adversário.”

Lula se referiu à Lacerda como “tocador de obras”. E disse, como contraponto, que Patrus se preocupava com os problemas sociais, mas também sabia tocar obras. “Tem muita gente fala “sou tocador de obras”.

“Sei fazer ponte, viaduto”. Maravilhoso. Isso a gente aprende na universidade. Mas muito melhor é prefeito que, além de fazer obra, sabe cuidar do povo”, afirmou Lula, acrescentando que pretende fazer um segundo comício na capital mineira.

No solo do senador Aécio Neves, fez uma provocação ao sucessor e afilhado político do tucano, o governador Antonio Anastasia (PSDB): “Se o Anastasia pudesse falar, diria que o estado de Minas está quebrado.”

Vaiado por parte dos militantes petistas, Pimentel discursou antes de Lula e relacionou a candidatura de Patrus à presidente Dilma Rousseff (PT), dizendo que ela o ligou, mandando seu apoio ao ex-ministro.

O ex-ministro ganhou a antipatia de parte de seus companheiros depois de apoiar Lacerda em 2008, de braços dados com Aécio.

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