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A locomotiva do Paraná

A locomotiva do Paraná

Cassiano Ribeiro e Igor Castanho, Gazeta do Povo

Com crescimento 80% mais forte que o do PIB, setor é referência de crescimento econômico e distribuição de renda

Com participação de 56% no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio paranaense, as cooperativas rurais produzem riqueza do lado de fora das porteiras das fazendas. Somente nos últimos três anos, as empresas do setor faturaram quase R$ 100 bilhões, uma injeção de ânimo na economia do estado, mostra um balanço apurado pelo Agronegócio Gazeta do Povo. O volume foi alcançado graças a um crescimento contínuo, em ritmo 80% mais forte que o estadual.

O crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense entre 2011 e 2013 foi de 10%. Já as cooperativas evoluíram 18% ao ano. Essa expansão vem da valorização das commodities agrícolas no mercado internacional e também espelha os investimentos estratégicos na agregação valor à colheita dos cooperados.

O balanço consolida empresas multibilionárias e também um polo de negócios que é referência internacional. “O cooperativismo paranaense é um exemplo a ser seguido pelo mundo. Aqui as cooperativas são um instrumento importante para o desenvolvimento econômico e social”, avalia Pauline Green, presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que esteve no Paraná nas últimas semanas. Ela acredita que, em países emergentes como a África do Sul, onde há limitações para a integração de pessoas em sistemas produtivos, o modelo paranaense causaria uma “transformação extraordinária”.

Esse efeito a que Pauline se refere é observado nas principais cidades onde as cooperativas estão instaladas no Paraná. Dos dez municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) acima da média do estado, incluindo Curitiba, seis são sedes de grandes cooperativas. Dessas, quatro pertencem ao grupo que fatura mais de R$ 1 bilhão ao ano.O destaque é Maringá (Norte), com um índice de 0,80. O município é casa da Cocamar, cooperativa que teve faturamento de R$ 2,65 bilhões no ano passado. O IDH médio do Paraná é 0,74.

“Nas áreas em que a produção é industrializada, há uma injeção na veia da economia, gerando emprego e renda”, analisa Daniel Nojima, diretor de estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

O cooperativismo do Paraná conta com 1 milhão de pessoas associadas. Considerando que para cada cooperado existem outros dois dependentes, o sistema atinge 27% da população do estado, acrescenta Flávio Turra, coordenador técnico da Ocepar, entidade que reúne as cooperativas no estado. O impacto social é ainda maior quando somado o número de empregados no setor, de 1,7 milhão.

O número de pessoas envolvidas está diretamente associado à expansão dos negócios no estado. O faturamento do setor mais que dobrou na última década – cresceu 177% de 2003 a 2013. A população cooperativista (empregados e associados) seguiu essa tendência com aumento superior a 180%.

Com um batalhão de pessoas e investimentos da ordem de R$ 2 bilhões, a meta para 2014 é registrar receita bruta de R$ 50 bilhões. A receita supera o orçamento do governo do Paraná, que neste ano é de R$ 35,8 bilhões. Com a aposta de mais de R$ 1 bilhão só em agroindústria, principal estratégia nos últimos anos, o resultado só escapa do setor se São Pedro não ajudar.