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Livro traz foto inédita de Dilma em interrogatório da Ditadura em 1970

O livro “A vida quer Coragem”, que chega às bancas nos próximos dias, traz a público uma foto inédita da presidente Dilma Rousseff (PT), em interrogatório da Ditadura Militar em 1970, quando ela tinha 22 anos.

A foto que estampa a obra, do repórter Ricardo Amaral, mostra os inquisidores tentando tapar o rosto, uma demonstração clara da vergonha que eles próprios tinham em defender a aberração que representou aqueles anos negros da história brasileira.

A foto acima, reprodução do processo da Justiça Militar, e trechos da obra foram publicados pela revista ‘Época’, um dos veículos para os quais Amaral já trabalhou.

Os pedaços do livro que tratam de 2010 trazem o relato de personagens que atuaram nos bastidores da campanha petista.

Amaral foi assessor da Casa Civil da Presidência e também da campanha de Dilma.

Num dos trechos antecipados pela revista, o livro esmiuça passagem da sucessão presidencial em que lideranças do PT viam no tucano José Serra, uma ameaça real.

A seguir um trecho veiculado pela revista e reproduzido no blog de Josias de Souza, da Veja.com:

“A pesquisa Datafolha divulgada no primeiro domingo depois do primeiro turno mostrava Dilma com 54% dos votos válidos e Serra com 46% – ele herdava, segundo a pesquisa, mais da metade dos eleitores de Marina; e Dilma, apenas um quinto. […] Quase todos no comando da campanha tinham passado pelo menos uma noite sem dormir, ou tendo pesadelos com a derrota. José Eduardo Dutra chegou a calcular o passo seguinte – renunciar à presidência do PT, como fazem os dirigentes dos partidos europeus quando perdem uma eleição.

As pesquisas internas mostravam que a situação era ainda pior: a vantagem de Dilma estava abaixo de cinco pontos, em queda constante, de acordo com os trackings da Vox Populi. Quem levou as más notícias aos coordenadores foi Chico Meira, o sócio de Marcos Coimbra na Vox. Ele chegou depois do almoço ao hotel em São Paulo onde Dilma se preparava para o primeiro debate do segundo turno, na TV Bandeirantes.

Queria falar com a candidata, mas parou na antessala onde estavam Dutra, Antonio Palocci, José Eduardo Cardozo e o marqueteiro João Santana. A situação era ainda pior, ele disse, porque os eleitores passaram a avaliar mal os atributos da candidata – ela tinha deixado de ser considerada a mais preparada, mais confiável, mais sincera. Ou seja: a tendência era continuar caindo. Chico Meira tinha lágrimas nos olhos quando concluiu:

– Nós perdemos esta eleição.

Palocci e Santana tinham uma boa memória das eleições de 2006. Eles se lembravam de movimento semelhante na avaliação dos atributos de Lula logo depois do primeiro turno. Para os dois, não se tratava de uma tendência, mas de uma reação passageira dos eleitores diante de um candidato favorito que não consegue liquidar a fatura na primeira rodada. Palocci apontou a porta ao analista de pesquisas:

– Volte pra casa imediatamente. Aconteceu a mesmíssima coisa com o Lula em 2006. Você não vai mostrar isso nem pra ela nem pra ninguém.

Dilma não viu os números, mas sabia perfeitamente que sua campanha precisava de um rumo claro, que a guerra santa só interessava ao adversário e que ela tinha de aproveitar o primeiro debate para marcar a retomada. […] Dutra e Palocci conversaram com Dilma pouco depois de ver os números da Vox Populi e perceberam que ela estava disposta a sair das cordas no primeiro debate frente a frente com Serra. Foi antes de a candidata entrar na TPD, a tensão pré-debate habitual.

Palocci começou:

– Hoje você tem que mostrar que quer mesmo ganhar esta eleição.

Dutra reforçou:

– O jogo está na sua mão.

Dilma entendeu:

– Podem deixar, hoje vai ser diferente.”