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Latam pede recuperação judicial, mas subsidiárias que atuam em Brasil, Argentina e Paraguai ficaram de fora

Em Foz do Iguaçu, A Latam operou o último voo comercial no dia 13 de Abril, devido a pandemia, com previsão de retomada deve a partir de maio para voos domésticos

A Latam pediu recuperação judicial na madrugada desta terça-feira. O pedido inclui as empresas do grupo que operam nos EUA, Chile, Peru, Colômbia e Equador. As subsidiárias que atuam em Brasil, Argentina e Paraguai ficaram de fora. Após o anúncio, as ADRs negociadas na Bolsa de Nova York caíam quase 40%.

Até a noite desta segunda-feira, executivos da companhia sinalizavam a integrantes do governo brasileiro que haveria a possibilidade de o pedido ser estendido ao Brasil, mas isso não aconteceu.

De acordo com a Bloomberg, a Latam tem dívida de mais de US$ 7 bilhões. Se a recuperação judicial for aceita, a empresa deixará de pagar seus credores por um período, com objetivo de reestruturar os débitos.

Mas a empresa, que é a maior aérea da América Latina, continuará voando em todos os países em que atua, inclusive naqueles onde o pedido foi protocolado na Justiça.

A Latam informou que “todas as passagens atuais e futuras, vouchers de viagem, pontos e benefícios do programa LATAM Pass, bem como políticas de flexibilidade, serão respeitados”.

A companhia disse ainda que, em paralelo ao pedido de recuperação judicial, obteve aval de dois de seus principais acionistas, a família Cueto e a Qatar Airways, para obtenção de um empréstimo de até US$ 900 milhões. E que tem US$ 1,3 bilhão em mãos.

No Brasil, a empresa negocia crédito do BNDES. Há cerca de dez dias, Latam e as concorrentes Azul e Gol aderiram ao socorro do banco oferecido ao setor aéreo, pelo qual cada empresa teria acesso a uma ajuda de R$ 2 bilhões.

Uma das condições é que o dinheiro seja usado em operações no Brasil. Além disso, não pode ser empregado no pagamento de credores financeiros, como detentores de títulos de dívidas ou arrendadores de aeronaves.

Em nota, o grupo disse que “está em discussão com o governo brasileiro sobre próximos passos e suporte financeiro às operações brasileiras”.

Queda na demanda com pandemia

O grupo decidiu recorrer à Justiça para pedir proteção contra credores porque, com a pandemia do coronavírus, houve uma queda drástica na demanda, levando-a a rever planos de expansão.

Em 2019, o grupo lançou 26 novas rotas e transportou um recorde de 74 milhões de passageiros, 5,4 milhões a mais que em 2018.

Nos últimos dias, no entanto, a empresa cortou mais de 1.850 empregos em Chile, Colômbia, Equador e Peru. A companhia tinha aproximadamente 40 mil funcionários em todos os países onde atua.

“Estamos mirando adiante, para um futuro pós-Covid, focados em transformar nosso negócio para que ele se adapte a uma nova e evolutiva maneira de voar”, disse Roberto Alvo, presidente-executivo do grupo Latam, em nota.

Companhias aéreas ao redor do mundo vem enfrentando dificuldades com as restrições a viagens devido ao coronavírus. Há cerca de duas semanas, a colombiana Avianca Holding também pediu recuperação judicial.

Em entrevista recente ao GLOBO, o presidente da Latam, Jerome Cadier, defendeu atuação rápida do governo e disse que, sem ajuda, o setor aéreo não sobrevive. Mesmo em 2021, previa uma queda da demanda de 30% a 40%.