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Itaipu Binacional apoia combate à dengue na tríplice fronteira

Por causa da localização estratégica na fronteira do Brasil com o Paraguai e Argentina, a Itaipu Binacional vai adotar uma série de medidas para ajudar Foz do Iguaçu e região na luta contra a dengue, que já virou epidemia local. Entre elas, vai tentar sensibilizar a Secretaria Estadual de Saúde, em caráter emergencial, por causa do número alarmante, a enviar lotes do inseticida Cielo. Este inseticida, novo no mercado e mais eficiente, pode ser utilizado em operações conhecidas como “fumacê”, que não estão sendo feitas exatamente por falta de produto. O fumacê é uma das ferramentas de combate ao mosquito transmissor, mas, apenas como ação isolada, não funciona. É necessário uma força-tarefa com a participação de todos, de órgãos públicos à população em geral, em total integração. Uma campanha sistematizada de prevenção e combate aos focos de transmissão.

Outra solução que Itaipu vai negociar com o Ministério da Saúde é a implantação no município de uma metodologia inovadora, que é a inserção do micro-organismo Wolbachia em ovos do mosquito Aedes aegypti. O micro-organismo reduz a capacidade do mosquito transmitir dengue, zika e chikungunya. O resultado desta metodologia se dá em longo prazo, mas é eficaz. Ao serem liberados mosquitos com Wolbachia, a tendência é que se tornem predominantes, diminuindo os casos dessas doenças, como já foi comprovado em alguns países e em 29 bairros do Rio de Janeiro, desde 2016.

A usina binacional também colocou à disposição de Foz do Iguaçu e região o Centro de Medicina Tropical, para ajudar a sistematizar o combate ao mosquito da dengue e estabelecer estratégias para erradicação da doença. Além disso, a empresa também vai encabeçar uma campanha de divulgação e conscientização em Foz e nos municípios vizinhos, alertando para a importância dos cuidados com a limpeza dos quintais e para que se procure um posto de saúde aos primeiros sintomas da dengue.

“Nós temos um compromisso com esta região de fronteira, onde está a nossa usina e onde todos moramos. Temos que fazer de Foz do Iguaçu um exemplo em todas as áreas, inclusive no combate a doenças que já não deveriam mais estar nos preocupando. Conscientizar a população é um dever de todos nós”, afirmou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna.

O compromisso da participação mais efetiva de Itaipu na guerra contra a dengue foi reafirmado nesta segunda-feira, 17, após uma reunião no gabinete do prefeito Chico Brasileiro e demais parceiros da força-tarefa contra a dengue. O coronel Jorge Áureo, assessor especial do diretor-geral brasileiro de Itaipu, e a superintendente de Comunicação Social e de Turismo de Itaipu, Patrícia Iunovich, ambos integrantes de um grupo de Trabalho do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, participaram do encontro, que contou também com o secretário municipal de Saúde, Nilton Bobato, e de Robson Delai, responsável técnico pelo laboratório do Centro de Medicina Tropical, do HMCC.

A parceria inclui também a União Dinâmica das Cataratas (UDC), que prontamente iniciou uma campanha, com a impressão de 50 mil cartazes para conscientização dos alunos da instituição. O representante da UDC, Fábio Hauage do Prado, também compareceu.

Comportamento
Segundo o chefe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Carlos de Santi, o trabalho de conscientização da população é fundamental no combate à dengue. “Mesmo com todos os esforços, continuamos observando um comportamento que se repete. Ao retornar para uma região em que fizemos um mutirão há menos de três semanas, verificamos novamente o descarte irregular de resíduos pela população”, disse.

No sábado (15), 700 servidores da Prefeitura de Foz do Iguaçu participaram de uma ação intensiva nas regiões da cidade com maior índice de infestação do mosquito. Foram distribuídos panfletos educativos e feitas ações de limpeza.

O Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), do Ministério da Saúde, aponta que 63% dos criadouros pertencem aos grupos B e D2, ou seja, são objetos de fácil remoção (garrafas, vidros, latas, embalagens plásticas) dispostos de forma irregular pela população dentro das próprias casas, o que possibilita o acúmulo de água, e aumentando a proliferação do mosquito.

Números
Foz do Iguaçu confirmou na última sexta-feira (14) a primeira morte causada pela dengue. Um idoso de 76 anos, que apresentava comorbidades como hipertensão, morreu no dia 8 de fevereiro, no Hospital Municipal Padre Germano Lauck, após complicações decorrentes da dengue grave.

Essa é a 14ª morte por dengue no estado do Paraná e a primeira nos municípios que integram a 9ª Regional de Saúde. No último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), foram registradas 13 mortes, a maioria na região de Maringá (5 óbitos) e Campo Mourão (4 óbitos).

Em Foz, já são 5.575 notificações e 752 casos confirmados da doença, que já é considerada uma epidemia na cidade. Em menos de uma semana, os números saltaram em mais de 200%, causando superlotação no sistema de urgência e emergência. Só no Hospital Ministro Costa Cavalcanti foram 397 casos notificados desde a primeira semana epidemiológica de 2020 – 143 só em fevereiro.

O Paraguai também enfrenta a pior epidemia da década. Já foram confirmados 4.255 casos da doença, com 16 mortes e outras 89 ainda em investigação.

Outras ações
A Secretaria Municipal de Saúde está adotando novas medidas assistenciais para o atendimento da dengue. Entre elas, a instalação de um laboratório de exames na UPA João Samek, leitos exclusivos para o tratamento da doença no Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL) e a abertura de unidades básicas de saúde nos finais de semana.

O laboratório entrou em funcionamento na sexta-feira (14). A medida é para agilizar o resultado dos exames por meio da confirmação da dengue e o manejo adequado do paciente. A unidade é a que concentra o maior número de casos notificados da doença – cerca de 400 somente neste mês.