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Imagem negativa do PT prejudicou Gleisi na eleição do Paraná

Imagem negativa do PT prejudicou Gleisi na eleição ao Governo do Paraná

Por Estelita Hass Carazzai

Logo na estreia do horário eleitoral gratuito desta eleição, a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), candidata ao governo do Paraná, apareceu rebatendo a afirmação de um ator-eleitor: “Eu gosto de você, mas não gosto do seu partido”.

A tentativa era estancar logo de início o desgaste que as denúncias de corrupção contra o PT, que comanda o governo federal há 12 anos, poderia provocar à campanha e à imagem da petista.

Aparentemente, a estratégia não foi suficiente. Senadora eleita com 3 milhões de votos em 2010, desta vez Gleisi amargou um terceiro lugar na disputa ao governo do Paraná –com apenas 880 mil votos, ou 14% do total.

Uma das principais apostas do PT para estas eleições, a ex-ministra não conseguiu reunir capital político para fazer frente aos adversários –o tucano Beto Richa, reeleito no primeiro turno, e o peemedebista Roberto Requião, ex-governador por três mandatos–, nem neutralizar a “campanha de desconstrução” do partido, como afirmaram aliados à Folha.

O resultado dela e do PT, que encolheu suas bancadas no Paraná, foi considerado “muito ruim”, “preocupante” e “delicado”.

Petistas ouvidos pela reportagem se queixaram de que Gleisi deveria ter visitado mais o Estado, mas ficou muito focada em Brasília, onde comandou a Casa Civil por quase três anos.

O fato de representar “a cara do governo federal” no Paraná, dizem aliados, acabou pesando mais contra ela do que a seu favor.

“Ela se dedicou muito à Casa Civil e deixou de fazer política no Estado”, analisa um deles. “Isso não virou capital político para ela.”

A falta de articulação política também prejudicou a candidatura: Gleisi saiu com uma coligação de cinco partidos, contra 17 do atual governador, que acabou reeleito. Richa tinha o apoio da maioria dos prefeitos do Paraná, inclusive de petistas.

“O PT do Paraná precisa se repensar. Essas pessoas [que apoiaram Richa] não deveriam estar no PT”, diz o deputado estadual Tadeu Veneri, líder da oposição na Assembleia. Para ele, o partido “afrouxou” as filiações.

REJEIÇÃO
A resistência do eleitor paranaense ao PT, que não dá vitória a um presidenciável do partido no Estado há duas eleições, também pesou.

“Uma parcela expressiva do eleitorado rejeita o PT”, diz o prefeito de Curitiba, o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT), que fez campanha ao lado da senadora. “É um ciclo, uma soma de fatos que vão se acumulando. E a Gleisi paga esta conta, de alguma maneira.”

Para o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), houve uma “onda de exposição negativa” da senadora e do partido ainda antes da campanha.

Ele cita como exemplo o caso de André Vargas. O deputado federal era um dos principais articuladores políticos da campanha da ex-ministra. Com as denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, durante as investigações da Operação Lava Jato, acabou defenestrado do partido.

Apesar do investimento financeiro da direção nacional e da boa estrutura de campanha, Gleisi não conseguiu alavancar sua candidatura durante toda a eleição. Nas pesquisas, sempre apareceu na casa dos 10%.

O fato de dividir os eleitores de oposição a Richa com o candidato Roberto Requião também a fez perder votos, na opinião de aliados. O peemedebista alcançou 27% dos votos no Estado.

Agora, o PT pretende se “reorganizar” e se fortalecer como oposição ao governo reeleito de Richa.

Quanto à próxima disputa ao governo do Paraná, ainda é consenso que o nome de Gleisi é “o melhor quadro” do partido para isso –ao menos por enquanto.