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Em São Paulo, greve dos professores esfria, e pais já cobram aula reposta

Sindicato da rede estadual de SP admite perda de adesão e categoria ‘dividida’. Paralisação chega aos 75 dias, próxima da mais longa na história da rede; para governo, protesto é político

Às vésperas de se tornar a mais longa paralisação da história da rede estadual de ensino de São Paulo, a greve dos professores perdeu força e deve ser contestada na própria assembleia da categoria marcada para esta sexta (29).

Em alguns colégios, pais já pressionam diretores para definirem a melhor forma de reposição das aulas perdidas.

A greve na maior rede de ensino do país, com 4 milhões de alunos, completa 75 dias. A mais longa no Estado durou 80 dias, em 1989.

No levantamento da Apeoesp (sindicato docente), a adesão dos professores à paralisação caiu para 30% nesta semana –no auge, em março e abril, ela falava em mais de 60%. O governo rebaixou sua estimativa de 5% para 4%.

“É duro para o professor ficar mais de 70 dias parado, com salário descontado”, afirmou a presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha.

Sindicato e governo travam batalha judicial pelo pagamento ou não dos dias parados. Por ora, prevalece a posição do Estado, de fazer o desconto nos salários.

A queda na adesão contribuirá para que ao menos parte dos docentes vote pela saída da greve, disse Noronha.

“Vai ser uma assembleia difícil, dividida. Eu mesma só definirei pela manhã a minha posição, após conversar com todos os diretores.” O ato ocorrerá no vão do Masp, na av. Paulista, a partir das 14h.

Na última assembleia, semana passada, alguns membros do sindicato chegaram a defender, em discurso, o que chamaram de “recuo tático” –suspensão do movimento e rediscussão posterior caso o governador Geraldo Alckmin (PSDB) siga sem proposta de reajuste salarial.

Durante a votação, porém, praticamente não houve apoiadores para a tese.

PAUTA

Os grevistas pedem reajuste de 75,33%, percentual suficiente para equiparar o salário dos professores ao dos demais profissionais com ensino superior no Estado, nos cálculos do sindicato.

O governo não apresentou proposta de aumento. Diz que divulgará um plano entre junho e julho, quando o último reajuste completar um ano.

Alckmin tem dito que a greve começou “dentro de movimento político” –foi aprovada no dia de ato da CUT em defesa de direitos trabalhistas, que também serviu de apoio à presidente Dilma Rousseff. Dois dias depois, houve manifestações pelo país contra o governo federal.

A gestão Alckmin alega ainda que concedeu 45% de reajuste em quatro anos.

Parte desse percentual, porém, se refere à incorporação de gratificação ao salário-base, que beneficia aposentados (que não ganham gratificação), mas tem impacto quase nulo para servidores ativos.

Além disso, nos quatro anos, a inflação foi de 16%, segundo o indicador IPC-Fipe, em São Paulo. O governo afirma ainda que precisa de mais tempo para avaliar a situação econômica do Estado.

A presidente do sindicato reconhece que muitos professores podem ficar frustrados se tiverem de encerrar a greve sem a conquista imediata do reajuste. “Mas no mínimo colocamos para a sociedade a necessidade da valorização para os professores.”

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