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Greenpeace e GWEC promovem seminário com enfoque em energia eólica em São Paulo

Greenpeace e GWEC promovem seminário com enfoque em energia eólica em São Paulo

O Greenpeace e o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) realizaram nesta sexta-feira, em São Paulo, um seminário sobre os desafios e oportunidades para o mercado de energias renováveis no Brasil, com enfoque na energia eólica.

O evento “Brasil: vento, energia e investimento” contou com a participação de especialistas brasileiros do setor energético e representantes das maiores empresas do mundo da indústria eólica associadas ao GWEC, que reúne mais de 1.500 indústrias e organizações em mais de 50 países, inclusive líderes de mercado como Iberdrola (Espanha), Vestas (Dinamarca) e Gamesa (Espanha).

Para Frank Guggenheim, diretor-executivo do Greenpeace, “as energias renováveis geram renda, emprego e lucro e são fundamentais para combater o aquecimento global. Hoje, no Brasil, o setor energético é a segunda maior fonte de emissão do país, responsável por 23% das emissões nacionais. Nosso relatório [R]evolução Energética mostra que é possível alcançar uma matriz elétrica 88% renovável em 2050, eliminando-se usinas nucleares, a carvão e óleo combustível e apostando nas fontes limpas e no uso racional da energia.”

Para Steve Sawyer, do GWEC, “em termos práticos, há duas opções técnicas para uma redução em larga escala das emissões de gases estufa até 2020. Uma é a eficiência energética; a outra é substituir os combustíveis fósseis por fontes renováveis, e, dentre elas, a que tem maior potencial de escala é justamente a eólica. A energia nuclear não fará diferença na mitigação das mudanças climáticas até 2020, período crítico para deter os impactos mais graves do aquecimento global”.

No painel da manhã, foram discutidas as políticas públicas necessárias para fomentar a indústria de renováveis no Brasil. Participaram do painel o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), autor de um projeto de lei para um novo marco legal do setor de renováveis, Ivonice Campos, da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE), Neilton Fidelis, Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, e Jorge Lima, da Eletrobrás.

Para Jorge Lima, a tradição brasileira de geração de energia hidrelétrica causou atraso no desenvolvimento das energias renováveis. Ele acredita que a energia eólica é a que possui maior maturidade para entrada no mercado em larga escala. Neilton Fidelis destacou a necessidade do desenvolvimento de infra-estrutura descentralizada para a energia eólica, principalmente em regiões como o Nordeste, onde há um déficit de geração hídrica.

Já Ivonice Campos, da ABEE, disse que a energia eólica pode atender cerca de 20% do mercado de energia brasileiro até 2040, desde que sejam realizados leilões regulares de compras públicas para esta fonte, além de adotar contratos de compra de energia eólica com prazos de, no mínimo, 20 anos.

No segundo painel, à tarde, o debate girou em torno do mercado de energia eólica no Brasil e no mundo, contando com a participação de Luis Monge, da Vestas Mediterranean A/S, Carlos Gascó, da Iberdrola Energías Renovables, Luciana Nunes, da Confederação Nacional da Indústria e Augusto Jucá, do Banco Mundial.

Para Luis Monge, da companhia Vestas, que já instalou no Mercado espanhol 4.600 turbinas eólicas, desde 1989, a solução para o consumo de energia tem que ser estrutural, e não pontual. “A energia eólica é competitiva e não esgota recursos naturais”, concluiu.

Para o representante da Iberdrola, “a energia eólica no Brasil é a segunda fonte
mais barata de energia em grande volume de produção. Estamos em um momento de maturidade de mercado que pode ser implantado já. E recursos eólicos aqui no Brasil existe em abundância”.

Augusto Jucá, do Banco Mundial, ressaltou que a tecnologia eólica no Brasil precisa ser desenvolvidas em três frentes: a energia que vai alimentar a rede, a energia híbrida para ser usada com diesel, na Amazônia, e a geração isolada de pequeno porte. “Os dois últimos tipos são fundamentais para atingir populações hoje sem energia elétrica, temos que pensar em nossa responsabilidade social também”, concluiu.