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Governo muda lei da Copa e contraria Fifa. Quatro pontos foram alterados

A Fifa queria que o governo se responsabilizasse, com o ressarcimento de eventuais prejuízos, por qualquer situação que pudesse afetar os jogos, inclusive atos terroristas, uma eventual declaração de guerra ou mesmo um tiroteio entre quadrilhas num morro carioca

por Eduardo Militão, no Congress em Foco

O adiamento da votação do relatório do projeto de Lei Geral da Copa, ontem (13), foi marcado basicamente por desentendimentos entre ministros do governo do Dilma Rousseff, o relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), e a própria Federação Internacional de Futebol Associação (Fifa).

Ao menos quatro pontos do texto tiveram que ser modificados às pressas, entre a segunda-feira (12) e a tarde de terça-feira (13), durante a reunião da comissão especial que votaria o texto e agora deve fazer isso apenas na quinta-feira (15). As mudanças revelam conflito de interesse entre o governo e a Fifa.

O governo não gostou da redação do artigo que a obriga a pagar pelos danos em caso de tumultos nos estádios durante os jogos e da limitação à meia-entrada para idosos.

Também não agradou ao Palácio do Planalto a permanência, para além da Copa, da liberação de bebidas alcoólicas nos eventos esportivos e a criação dos crimes de marketing “de emboscada” e “de intrusão”, solicitados pela Fifa.

Tudo isso teve que ser mudado na última hora, o que gerou confusão na hora de apresentar o assunto aos deputados, adiando a votação. Os maiores problemas aconteceram porque Vicente Cândido, no afã de conciliar interesses do governo e da Fifa, alterou seu relatório na sexta-feira (9) sem negociar com o governo, gerando os atritos.

Apesar de a liberação do álcool e da meia-entrada para idosos ter mais impacto social, a maior briga do governo com a Fifa refere-se à questão da responsabilidade por tumultos nos estádios.

“O projeto original eles alteraram. Isso dá margem a algumas coisas que podem dar processo”, afirmou ao Congresso em Foco a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na tarde de terça-feira, poucas horas antes da votação, no momento em que os técnicos da pasta debatiam esse e outros assuntos com Vicente Cândido.

As discussões sobre o tema chegaram a envolver também o Ministério da Justiça.

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